Itinerários de Ermanno Stradelli na Amazônia
De sua vida multifacetada, um traço maior emerge: a estrada preferida de Stradelli foi sempre a do Atlântico e do Mar Doce infinito da Amazônia. E, nesta, as estradas invisíveis de seus povos escondidos na maior floresta, refratários à civilização ocidental de predadores e genocidas. E ele foi, verdadeiramente, um amigo dos indígenas. Incorporou seus mitos e lendas. E foi incorporado, de igual para igual, pelas narrativas dos povos do rio Uaupés, pela sua memória oral inscrita na voz e incisa nas pedras (itacoatiaras) que ele tão bem soube decifrar. Do prefácio de Francisco Foot Hardman
Livia Raponi é diretora do Istituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro e adida cultural junto ao Ministério das Relações Exteriores da Itália desde 2003. Licenciada em Ciências Políticas pela Universidade de Florença e em Mediação linguístico-cultural pela Sapienza de Roma, é doutora em Letras pela USP, tendo desenvolvido pesquisa interdisciplinar sobre Ermanno Stradelli. Com base neste trabalho, foi idealizadora de diversas exposições fotográficas de cunho antropológico apresentadas no Brasil e na Itália, e organizadora do livro A única vida possível. Itinerários de Ermanno Stradelli na Amazônia. Possui ampla experiência de curadoria de exposições de arte e eventos interculturais, desenvolvida no âmbito do seu trabalho de promoção da língua e da cultura italiana.
A contribuição da Itália e dos italianos ao campo da fotografia, desde sua gênese remota nas experimentações de Leonardo da Vinci e Giambattista della Porta até seu pleno florescimento, foi crucial e ampla. No Brasil da segunda metade do século XIX, em particular, tal protagonismo se confirmou e os italianos foram verdadeiros pioneiros da oitava arte. Engenheiros, exploradores, comerciantes, artistas plásticos, projecionistas, da Amazônia ao Rio Grande do Sul, da Paraíba ao Rio de Janeiro, da Bahia ao Pantanal, os fotógrafos-migrantes vindos da Itália distinguiram-se pelo talento artístico ímpar e pela qualidade técnica de suas obras. O olhar desses precursores não se circunscreveu apenas ao retrato do mundo novo que então se descortinava, mas participou decisivamente da definição da imagem e da autoimagem deste país gigantesco e multifacetado.
Este livro investiga a busca de alegria, bem-estar e saúde – ou tudo que faz a vida durar – em duas aldeias mbya (guarani) no litoral sul do estado do Rio de Janeiro: Araponga e Parati Mirim. Ao mesmo tempo que analisa a extensa literatura antropológica sobre os Guarani, à luz dos desenvolvimentos mais recentes da etnologia americanista, Elizabeth Pissolato trata de temas como o xamanismo, o parentesco, os cuidados com as crianças e a vida diária, de um modo geral pouco explorados nesse tipo de pesquisa. Sob uma ótica bastante original, que privilegia a experiência individual das relações sociais, com ênfase para os atos e palavras dos próprios Mbya, a pesquisadora se dedica à etnografia dos deslocamentos, examinando as condutas pessoais e os comentários em torno das andanças por lugares. É na mudança frequente de lugar e de perspectiva que os Mbya, de fato, apostariam na conquista de condições renovadas de continuar existindo nesta terra.
A Coluna da Morte, obra que não era reeditada desde 1928, relata a experiência do lendário tenente João Cabanas na Revolução de 1924. Cabanas foi uma importante liderança em 1924, no maior conflito bélico ocorrido na cidade de São Paulo, que à época foi bombardeada pelas tropas legalistas do presidente Artur Bernardes.
Este livro trata de uma das mais importantes publicações brasileiras do início do século, de sua origem em 1916 até o fim de sua fase principal em 1925. A autora analisa A Revista do Brasil não apenas como fato editorial, mas como veículo de divulgação das propostas da intelectualidade no período, cuja influência foi decisiva na determinação dos rumos da construção nacional.
Este livro reconstitui de modo original a história e a evolução do PSB em São Paulo, de 1945 a 1965. Tomando como base de análise o jornal A Folha Socialista, esta reflexão sobre as propostas, a composição e a atuação deste órgão tem como eixo a produção teórica dos militantes. A reconstituição desse ideário, de caráter reformista, contribui, de modo bastante significativo para uma maior compreensão da realidade política nacional contemporânea.