Oswaldo Porchat (1933-2017) foi um dos filósofos brasileiros mais importantes. Professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e fundador do Centro de Lógica e Epistemologia (CLE-Unicamp), foi um pensador profundo e irrequieto: adaptou o estruturalismo francês a nosso contexto, mergulhou no silêncio da não filosofia, aderiu à filosofia da visão comum do mundo e, finalmente, rendeu-se ao ceticismo, pelo qual se sentira atraído e ao qual tinha resistido por longo tempo. Explica essa fecundidade o fato de que, a seu ver, filosofia e espírito crítico não se dissociam, não havendo verdadeiro espírito crítico se este não for aplicado às próprias ideias. Quando se pensam dessa maneira os temas da verdade, do conhecimento e da razão, difícil é não terminar como cético. Quais ideias resistem ao poder corrosivo da razão crítica? O ceticismo de Porchat, entretanto, está muito distante da imagem desoladora que usualmente se tem dessa corrente filosófica. É antes uma original e refinada atualização do pirronismo antigo à luz da filosofia contemporânea, ousadamente propondo a elaboração de uma visão cética do mundo. Organizado em duas partes, este livro retoma todas essas mudanças pelas quais passou o pensamento de Porchat, ao traçar um quadro detalhado das suas diferentes fases e examinar suas opiniões sobre temas centrais da filosofia. Uma das originalidades desta obra é interpretar o pensamento de Oswaldo Porchat com a mesma atenção e o mesmo cuidado com que outros livros se dedicam a filósofos de outros países, contribuindo para aprofundar o debate filosófico no Brasil, sem perder de vista o estudante que se inicia na leitura da obra desse notável pensador.
Plínio Junqueira Smith é professor livre-docente na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Foi pesquisador visitante na Universidade de Oxford, Inglaterra, e na Universidade da Califórnia, Berkeley.Suas áreas de especialidade são História da Filosofia Moderna, Teoria do Conhecimento e Ceticismo. É autor de vários livros, entre os quais: O ceticismo de Hume (1995), Ceticismo filosófico (2000), Do começo da filosofia e outros ensaios (2005) e O método cético de oposição na filosofia moderna (2015).Organizou as obras O filósofo e sua história: uma homenagem a Oswaldo Porchat (2003; com Michael Wrigley) e O neopirronismo de Oswaldo Porchat (2015).
Desde sua publicação em 1959, Indivíduos se tornou um clássico da filosofia analítica. Ousado em sua ambição e abrangência, o livro continua a influenciar debates sobre metafísica, epistemologia e filosofia da lógica e da linguagem. Nesta obra, Peter Strawson investiga nada menos do que a estrutura básica do nosso pensamento, apresentando o famoso argumento a favor da metafísica descritiva e contra a metafísica revisionista, segundo o qual a realidade é algo além do mundo das aparências.
Neste livro, o autor mobiliza noções como finitude, mutabilidade e enredamento no relativo para, de alguma forma, captar o estilo intelectual de Diderot. Persegue-se sua prosa, isto é, aquilo que escapa dos conceitos e das estruturas, correspondendo por isso mesmo à energia, às obsessões, à imprevisibilidade, à nuance e à singularidade da escrita diderotiana.
Os artigos que compõem esta coletânea foram publicados entre 1969 e 2005 e têm uma temática persistente: a da vida cotidiana e comum que a filosofia não pode nem deve trair se não quer converter-se em mero jogo de palavras. Para o autor, o pirronismo repensado e rearticulado conforme a linguagem e os problemas filosóficos da contemporaneidade, preserva, no entanto, total consonância com a inspiração original do pirronismo histórico e a mensagem da Sképsis grega continua plenamente atual, respondendo às necessidades filosóficas também de nosso tempo.
Jameson propõe, através de sua leitura de Adorno, um modelo dialético para a compreensão do mundo neste fim de século, fazendo renascer com toda sua força a noção de teoria crítica como negatividade permanente e crítica social implacável. Nesse sentido, as idéias de Adorno constituiriam, conforme o autor, um "resgate da dialética" ou das intenções originais da dialética marxista.
Esta tradução da Metafísica do Belo, de Schopenhauer, compreende o conjunto de preleções lidas pelo filósofo em 1820, na Universidade de Berlim. A elas se juntam as preleções intituladas Teoria de toda a representação, pensamento e conhecimento; Metafísica da natureza; e Metafísica da estética. Mediante tais textos tem-se um acesso dos mais claros e didáticos ao pensamento do filósofo de Frankfurt, que já primava pela clareza expositiva, contra a corrente estilística germânica de sua época e seguindo a tradição britânica. As Preleções permanecem atuais não só pela investigação da essência íntima da beleza, mas também pela ressonância em diferentes autores, como Nietzsche, Freud e Machado de Assis. O filósofo eleva a arte a uma categoria suprema e reconhece, na contemplação desinteressada, uma forma de neutralizar momentaneamente o sofrimento existencial.