Hoje, mais do que nunca, o mundo está repleto de ruídos – buzinas, gritos, sirenes, canteiros de obra e motores de automóveis: uma incessante avalanche sonora que acaba anestesiando, ou bloqueando, nossos ouvidos. É preciso, então, reaprender a ouvir e a escutar. E para realizar essa tarefa, como nos mostra este pequeno livro, podemos contar com uma grande parceira: a criatividade.
R. Murray Schafer nasceu em 1933, em Sarnia, Ontário, Canadá. Na década de 1950, entre outras múltiplas atividades na Europa, trabalhou na produção da ópera Le Testament, de Ezra Pound. Em 1960, publicou The British Composer Interview, seu trabalho pioneiro na área de pesquisa sonora, desenvolvido dentro de The World Soundscape Project, na Simon Fraser University, B.C., cujos resultados apontam novos caminhos para a atuação sobre o ambiente sonoro. E um dos mais destacados compositores de seu pais, projetando-se internacionalmente por suas posições de vanguarda. Esteve no Brasil, em 1990, ministrando palestras e orientando seminários na Unesp e workshops na Oficina Cultural “Oswald de Andrade”, de São Paulo.
A paisagem sonora – termo cunhado pelo próprio R. Murray Schafer – é nosso ambiente sonoro, o sempre presente conjunto de sons, agradáveis e desagradáveis, fortes e fracos, ouvidos ou ignorados, com os quais vivemos. Do zumbido das abelhas ao ruído da explosão, esse vasto compêndio, sempre em mutação, de cantos de pássaros, britadeiras, música de câmara, gritos, apitos de trem e barulho da chuva tem feito parte da existência humana. A afinação do mundo é uma exploração pioneira da paisagem sonora: uma tentativa de descobrir como era ela no passado, de analisar e criticar o modo como é hoje, de imaginar como será no futuro.
A proposta de Schafer é particularmente possível para o Brasil. Não se trata de uma proposta dirigida a alunos especialmente dotados, mas a toda a população, independentemente de talento, faixa etária ou classe social. Além disso, Schafer preocupa-se em particular com os elementos mais simples, com as observações mais corriqueiras: de quantos modos diferentes pode-se fazer soar uma folha de papel? Ou as cadeiras de uma sala de aula? Como sonorizar a história de modo a torná-la reconhecível apenas por seus sons? Como construir uma escultura sonora?
Buscando exemplos na natureza, na história ou em geografias distantes, estes textos – redigidos ao longo dos anos que se seguiram à publicação de "A afinação do mundo" – ajudaram a inaugurar o campo dos estudos e do design de paisagens sonoras, do qual Schafer foi pioneiro. Um pouco como o próprio som, que pode facilmente construir ou destruir paisagens, estes escritos são de grande valia para aqueles que buscam criar um futuro mais humanista, voltado ao bem-estar, respeitoso para com o meio ambiente e, por consequência, menos caótico.
A linguagem musical, por ser intangível, é possivelmente a que mais se aproxima da filosofia. Neste livro, tal proximidade é destacada pelos paralelos entre o conceito de mousiké de Pitágoras – que entende a música como um diálogo entre linguagens e não apenas a mera execução de uma partitura – e os conceitos e a prática musical de compositores contemporâneos, como Alexander Scriabin e John Cage.
O tema da avaliação é tratado pelas autoras com base em uma dupla perspectiva: a do conjunto de significações individuais dos processos de classificações e exames aos quais os sujeitos são submetidos no decorrer da vida e no domínio das experiências cotidianas, vinculadas ou não à escola, e ao conjunto de significações sociais dos processos que buscam classificar, hierarquizar, verificar e calcular perdas e ganhos, aquisições e desempenhos, investimentos e retornos.