Estética e história
O lançamento do romance O primo Basílio, de Eça de Queirós, constituiu um verdadeiro fato histórico, no Brasil de fins do século XIX. Despertou, especialmente na capital do Império, um debate acalorado, do qual participaram vários escritores de peso, entre os quais Machado de Assis. Este livro examina as leituras críticas da obra, publicadas na imprensa brasileira logo após seu aparecimento, definindo as perspectivas estéticas vigentes na cultura letrada e fazendo uma edição critica dos documentos da época. Procura reconstruir a maneira como o debate ocorreu, como se processou a interlocução e como os argumentos se responderam mutuamente, já que os críticos, além de interpretar o romance, buscavam rebater os pontos de vista de seus opositores.
José Leonardo do Nascimento é doutor em História da Cultura pela Universidade de Paris e livre-docente em História da Arte pelo Instituto de Artes da Unesp. É organizador e autor do livro Os sertões de Euclides da Cunha: releituras e diálogos (Unesp, 2002) e co-organizador de Juízos críticos: Os sertões e os olhares de sua época (Unesp/Nankin Editorial, 2003). Publicou, ainda, O primo Basílio na imprensa brasileira do século XIX: estética e história (Unesp, 2008) e São Paulo no século XIX (Imesp, 2010).
Apresenta ensaios interpretativos de um livro clássico, que completou seu centenário de publicação em 2002. São enfocados aspectos artísticos, históricos e sociológicos, analisando as circunstâncias da construção da obra, uma epopéia que realiza uma avaliação histórica do episódio de Canudos e de seus personagens históricos, como o coronel Antônio Moreira César. Outros aspectos estudados são a recriação da obra para o francês e as diferentes interpretações que o livro recebeu desde o seu lançamento.
Os artigos que compõem esta antologia de interpretações de Os Sertões, originalmente publicada em 1904, pela Laemmert & C., formam um sistema coerente, dialogam entre si, permitindo que aquele período da história seja, de alguma forma, entrevisto e revistado pelos leitores. Nesta edição foram acrescentados dois textos da época, com a mesma pertinência, que não constavam da publicação original.
Ao reunir pela primeira vez em um só volume os raros ensaios de Euclides da Cunha sobre filosofia da arte, esta edição resgata sua contribuição no estudo das relações entre ciência e arte no início do século XX. Nesses textos, Euclides se debruça sobre o fenômeno artístico, questionando o estatuto das artes numa época em que a crença nos saberes científicos sobrepujava a relevância das manifestações artísticas.
Os Ferrões, um quinzenário de aproximadamente trinta páginas, circulou no Rio de Janeiro entre junho e outubro de 1875, sendo distribuído também pelo correio a assinantes de diversas cidades brasileiras, inclusive algumas bem distantes da capital. Como sugere o nome da publicação, os dois autores dos folhetos desferiam agudas e muitas vezes incômodas “ferroadas” na sociedade imperial. O jovem José do patrocínio e seu companheiro Demerval da Fonseca à época iniciavam sua carreira jornalística. Sob os codinomes de Notus Ferrão e Eurus Ferrão, respectivamente, divulgavam textos de tom predominantemente jocoso.
Aproximar-se do “povo” era uma das aspirações mais caras tanto dos militantes de esquerda quanto dos artistas e intelectuais brasileiros durante a ditadura civil-militar de 1964-1985. O novo país que eles almejavam construir, necessariamente, brotaria das raízes nacionais. O que os inspirou nessa busca, que refluiu após o triunfo da lógica do mercado global, nos anos 1990? Que herança teria deixado? Nesta obra, aqui apresentada em segunda edição, revista e ampliada, Marcelo Ridenti analisa o tema em seis capítulos.