Este livro é uma bela "reportagem político-filosofica" de um evento que marcou os espíritos de toda uma geração de jovens e de intelectuais brasileiros: a visita de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir à nossa pátria tropical, no ano da graça de 1960. Isso vale, em primeiro plano, para os jovens dramaturgos do Oficina e do Arena, que buscavam inspiração no teatro sartriano e acabaram produzindo algumas das mais interessantes peças da cultura subversiva brasileira.
Rodrigo Davi Almeida é graduado, mestre e doutorando em História pela Unesp, câmpus de Assis e desenvolve pesquisas científicas em arquivos e acervos brasileiros (Cedap/Assis, Cedem/São Paulo, Biblioteca Mário de Andrade e Biblioteca Central da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/USP) e internacionais (Bibliothèque nationale de France/site François Mitterrand).
Por ocasião do centenário do filósofo francês Jean-Paul Sartre, a Editora UNESP lança a segunda edição da obra, em versão bilíngüe, que trouxe a público a conferência pronunciada por Sartre, em 4 de setembro de 1960, na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara (SP). O texto, de importância histórica, mostra o resumo das preocupações que moviam o filósofo existencialista na época? A relação entre filosofia e ideologia, pensamento e ação? Deixando registrado um crucial testemunho de sua trajetória como intelectual e ativista.
A presença de Sartre, figura emblemática do intelectual engajado e um dos mais influentes pensadores do século XX, permanece vívida. Ao ensejo do centenário de nascimento do filósofo francês, a reimpressão deste livro é não apenas oportuna, mas necessária para preservar uma peça central da inesquecível passagem de Sartre pelo Brasil. A famosa Conferência de Araraquara ganhou destaque no panorama do pensamento brasileiro de então: nomes maiúsculos da intelligentsia nacional acompanharam uma palestra que não desmereceu o auditório e constituiu instante significativo da obra sartreana. Com o intuito expresso de manter o registro fiel daquele evento, este volume preserva os muitos méritos da edição de 1986 e só se afasta dela em pequenas alterações de revisão e no formato do livro.
Filosofia e lingüística interagem ao longo deste livro. Inicialmente, são analisados Teeteto e Crátilo, diálogos de Platão. Em seguida, o estudo recai sobre o Curso de lingüística geral, de Ferdinand de Saussure. Ensaístas como Deleuze, Nietzsche, Hegel, Marx, Husserl e Merleau-Ponty também são ponto de referência para discutir qual é e como funciona a relação entre as palavras e as coisas. A obra ensina, acima de tudo, a duvidar de respostas fáceis e prontas, pois considera a filosofia a ciência da dúvida por excelência.
Investigada por David Bohm nestas inspiradoras e visionárias palestras, a célebre teoria da relatividade de Albert Einstein, publicada em 1905, modificou para sempre a maneira como pensamos o tempo e o espaço, assinalando uma ruptura decisiva com as concepções clássicas de Newton. No presente livro, estão expostos os conceitos trabalhados pelo autor em suas conferências sobre física teórica apresentadas no Birkbeck College, que tinham como objetivo explorar a estrutura conceitual da teoria da relatividade, ressaltando o substrato filosófico que lhe dá sustentação.
Escritos em diferentes momentos e circunstâncias da carreira do pesquisador Alvaro Santos Simões Junior, este conjunto de dez ensaios trata da produção, circulação e recepção de obras literárias no Brasil a partir do fim dos anos 1800.
O primeiro texto reconstrói o ambiente em que, na virada século 19 para o século 20, da Monarquia para a República, do trabalho escravo para o livre, surgiram novas condições para o trabalho intelectual. O texto seguinte fala de uma modalidade bem-sucedida de atuação profissional dos escritores daquele período - as revistas de ano. Enquanto os romancistas seguiam os passos de Émile Zola e Eça de Queiroz, utilizando linguagem depurada, os “revisteiros” aderiam à metalinguagem e à paródia, e abusavam da fantasia, incorporando os variantes regionais e sociais.
O terceiro e o quarto ensaios ainda olham para aquele momento histórico. Analisam, respectivamente, romances naturalistas brasileiros e notícias a respeito da morte de Zola, oferecendo, ambos, uma ideia de como era complexa relação dos intelectuais brasileiros com os amados e, eventualmente, odiados mestres europeus. O texto seguinte trata da literatura paradidática da Primeira República, à qual se dedicaram sistematicamente vários escritores daquele período.
Os três ensaios subsequentes resultaram de investigação do autor sobre a repercussão do Simbolismo nos periódicos brasileiros e revelam a importância da imprensa periódica para a divulgação e circulação das obras literárias: o primeiro analisa um hebdomadário dirigido de 1893 a 1895 por Artur Azevedo; o segundo examina a atuação de Medeiros e Albuquerque como crítico literário do vespertino A Notícia de 1897 a 1905; o último aborda as intervenções do jovem Paulo Barreto, redator da Cidade do Rio, jornal de José do Patrocínio, contra o Simbolismo brasileiro na virada do século.
O penúltimo estudo da coletânea reflete sobre a obra de Ana Cristina Cesar, autora mais representativa da “geração mimeógrafo”, que criou em pleno regime militar um circuito independente de produção e circulação de obras literárias. Encerra o volume um ensaio sobre a obra de Menalton Braff direcionada ao público jovem.