A história das sensibilidades busca desvendar as nuances da experiência humana, reconhecendo que a expressão das emoções e as formas de afeição são fluidos, moldados por contextos históricos e sociais específicos. Trata-se de uma busca por recuperar a riqueza das maneiras de sentir, de comover-se e de se relacionar com o mundo que se perderam no tempo, na tentativa de compreender a complexidade da experiência humana em toda a sua amplitude e diversidade.
Conta-se aqui mais de três séculos de história sobre os caminhos que ligaram a capital paulista aos pontos mais próximos do litoral, desde pouco depois da chegada dos colonizadores portugueses até o início do século XX. À nossa disposição, o olhar e os registros de um grande intérprete de São Paulo, que dão forma a um trabalho historiográfico e arquitetônico exemplar, capaz de organizar um conjunto de momentos fundamentais do sistema viário que conecta ao mar o principal centro econômico brasileiro. O livro é ricamente ilustrado e permite ao leitor um passeio agradável e enriquecedor pelos caminhos da Serra do Mar e da História do Brasil.
Um universo intelectual rico e desafiador, onde as fronteiras entre ciência, filosofia e história se diluem. Grande outsider do sistema universitário francês, Alexandre Koyré permanece sendo um dos filósofos e historiadores mais audaciosos e influentes de seu tempo. Todos que assistiram às suas aulas afirmam ter testemunhado o advento de um tipo totalmente original de história das ciências. Nelas, Koyré reconstrói de forma precisa a transição, realizada sem ruptura e admitindo a reversibilidade, do pensamento religioso para a ciência, da ciência para o pensamento religioso. Esta coletânea continua sendo a melhor introdução à obra do grande pensador.
Em 1923, Paris foi palco de uma notável presença de artistas modernistas brasileiros, muitos dos quais haviam participado da Semana de Arte Moderna de 1922. Vicente do Rego Monteiro, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Victor Brecheret e Villa-Lobos destacaram-se em eventos culturais prestigiados. Entre 1923 e 1924, Oswald de Andrade, Sérgio Milliet e Emiliano Di Cavalcanti enviaram crônicas ao Brasil, agora reunidas neste volume, que inclui textos inéditos. Além disso, especialistas de diversas áreas oferecem uma visão abrangente da influência brasileira em Paris, explorando a interação com vanguardistas europeus e a consolidação do modernismo.
“Aos touros! Aos touros!” Quem imaginaria que o Rio de Janeiro já foi palco de touradas? Este livro traz à luz o contexto histórico que emoldura a ocorrência das touradas na então capital do Brasil, num período que vai do século XVII ao início do XX. Relações conturbadas entre colônia e metrópole, divergências de opinião acerca do caráter bárbaro do espetáculo, polêmicas sobre o comportamento do público: Sol e sombra levará o leitor a um universo adormecido e desconhecido de muitos – a tauromaquia em terras cariocas.
Neste livro, o olhar arguto e global de Georges Minois traz ao leitor contemporâneo uma súmula das concepções de inferno que acompanharam as principais civilizações humanas. Veremos também que, mesmo em face do declínio das crenças tradicionais e da Igreja católica, dos questionamentos à ideia de inferno dentro dos próprios ambientes eclesiásticos, o conceito ainda se faz presente e relevante, como se a história do inferno fosse também a história do homem confrontado com sua própria existência.
São muitos os agentes que, de alguma forma, interferem no processo de produção dos livros. No circuito editorial da Europa moderna, o texto do autor materializado em obra só chegava às mãos do leitor após passar por diversos intermediários: censores, copistas, editores, impressores, revisores etc. Sabendo disso, Roger Chartier nos convida à seguinte investigação histórica: examinar o problema da mobilidade das obras do ponto de vista da tradução dos textos entre os séculos XVI e XVIII. E aqui, vale notar o sentido abrangente do termo: tradução com significado não apenas de passagem das palavras de uma língua a outra, mas também de "translação", isto é, qualquer tipo de mudança verificada nos textos (e, por conseguinte, nas obras) ao longo de suas sucessivas versões, até mesmo nos registros de uma mesma língua.
Na obra, Robert Darnton volta seu olhar a um grupo de editores europeus que se dedicava a publicar e distribuir versões pirateadas de célebres autores franceses. O autor oferece uma visão panorâmica do mundo da escrita, publicação e venda de livros na França pré-Revolução, com um olhar vibrante e detalhado de uma indústria competitiva em busca de constante reinvenção e de tornar-se lucrativa. O livro revela como e por que a pirataria levou o Iluminismo a todos os cantos da França, alimentando as ideias que culminariam em revolução.
"Livreiros do Novo Mundo: De Briançon ao Rio de Janeiro" conta a aventura de alguns comerciantes franceses dessa região que se tornaram livreiros em Portugal, no século XVIII, onde ocuparam posição de destaque no universo do livro. Dois deles continuaram a atividade no Brasil, quando o país estava entrando na modernidade, entre 1808 e 1828. Eles foram protagonistas do nascente mercado do livro e da imprensa, vetores da transmissão de conhecimentos e ideias. Ilustrada com documentos raros, que dão suporte ao texto, esta obra permite descobrir e compreender como tais homens, na condição de precursores, participaram da evolução histórica desse grande país.
De Leonardo Da Vinci a John Dee e Comenius, de George Eliot a Oliver Sacks e Susan Sontag, os polímatas moveram as fronteiras do conhecimento de inúmeras maneiras. Mas a história pode ser cruel para estudiosos com tais interesses enciclopédicos. Com muita frequência, esses indivíduos são lembrados apenas por uma parte de suas valiosas realizações. Neste relato envolvente e erudito, Peter Burke defende uma visão mais global. Identificando quinhentos polímatas ocidentais, Burke explora seus estudos abrangentes e mostra como a ascensão desses intelectuais correspondeu a um rápido crescimento do conhecimento nas eras da invenção da impressão, da descoberta do Novo Mundo e da Revolução Científica. Só mais recentemente é que a aceleração do conhecimento levou a uma maior especialização e a um ambiente que dá menos apoio a acadêmicos e cientistas de amplo espectro. Abordando desde a Renascença até os dias atuais, Burke muda nossa compreensão dessa notável espécie de intelectual.