Intertextualidade e paródia em José Saramago
Tomando como ponto de partida o Memorial do convento, de José Saramago, o esquema interpretativo de Odil, fundamentado em Bakhtin, Benjamin, Barthes e Antonio Candido, permite que se desvendem as principais tensões sobre as quais este romance se estrutura: o discurso narrativo dos períodos de formação da literatura portuguesa versus os modos e as formas do romance da modernidade.
Odil José de Oliveira Filho é professor de Literatura Portuguesa do Curso de Letras, da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, câmpus de Assis. Doutorou-se em Letras pela Universidade de São Paulo com o trabalho: Projetos de Promissão: A literatura da expansão ultramarina portuguesa no Brasil (século 16). Publicou: Roteiro lírico-sentimental da fundação do município de Bauru. Bauru: Conselho de Ação Cultural, 1982, Itinerário de uma obra: A poesia de Rodrigues de Abreu. Bauru: Conselho de Ação Cultural, 1983 e vários artigos na área de sua especialidade, versando sobre Saramago, Agostinho Neto, Camões, Fernando Pessoa etc.
Radicado no Brasil a partir de 1954, Casais Monteiro aqui se estabelece após extensa obra veiculada em Portugal, marcada principalmente por ensaios e críticas literárias. Divulgador de nossa moderna literatura, o intelectual português é apresentado por um conjunto de textos – alguns deles inéditos – selecionados que procuram contemplar seu multifacetado campo de atuação e registrar suas relações com os escritores brasileiros.
Este livro, escrito por professores universitários de diversas instituições e origens, apresenta diferentes modos de ler os textos juvenis, procurando atribuir sentidos a uma produção literária contemporânea que cobra novas respostas interpretativas. Os estudos aqui reunidos caracterizam-se por uma tendência de, no esforço de adequar o instrumento de análise ao objeto em foco, mimetizar o caráter intersticial da adolescência, pondo à prova as obras juvenis quanto a sua autonomia estética e sua capacidade humanizadora, por meio de uma problematização que recusa qualquer abordagem pasteurizada e apaziguadora e que revela as contradições típicas de uma zona de fronteira.
Este livro se inicia com a exposição da trajetória de Henrique Fleiuss no cenário da imprensa carioca. Proprietário e editor; ao longo de 18 anos publicou duas revistas ilustradas, totalmente diferentes tanto do ponto de vista editorial quanto visual. Sílvia Maria Azevedo se debruça sobre a Ilustração Brasileira e analisa a construção das diversas "imagens de exportação" do Brasil veiculadas pela publicação de 1876: a figura de D. Pedro II, em sua segunda viagem ao exterior, como encarnação da imagem de Brasil ilustrado; a representação do país como nação moderna e civilizada em sua presença na Exposição Universal de Filadélfia de 1876; a participação do imigrante europeu na consolidação da nova imagem de Brasil; a atuação de cientistas estrangeiros para a descoberta de novos contornos geográficos do Brasil; os novos olhares sobre o Brasil a partir da contribuição do fotógrafo Marc Ferrez; o confronto entre dois Brasis, o do Norte e o do Sul, na perspectiva da criação artístico-literária. Ao final, uma análise dos sucessos e fracassos das publicações periódicas brasileiras depois dos anos 1870 e a ciranda de revistas que se prolonga durante o século XIX.
O livro A Voz e o Sentido é uma contribuição aos estudos de poesia oral com base em uma pesquisa de campo com vários narradores, realizada no pantanal sul-mato-grossense. Seu principal objetivo é ouvir os moradores ribeirinhos para compreender as maneiras de produção, manifestação, armazenamento e (re)significação do texto poético oral. A leitura dos relatos resulta numa tentativa de desatar a poesia oral dos grilhões da escrita e, para tanto, de compreendê-la em seu sentido dinâmico.
Neste livro são estudadas, em suas múltiplas implicações, o romance de Jorge Amado (1912-2001), produzido na década de 1930, e o romance neo-realista português, publicado no início da década de 1940. O objeto de trabaho são as obras que se destacam pela ênfase política e pela existência de traços literários convergentes que apontam para a revalorização do realismo e o aprofundamento da temática social. A tese norteadora pretende demonstrar que o projeto estético-ideológico de Jorge Amado foi incorporado pelos neo-realistas na primeira fase do movimento, contribuindo para o surgimento de um novo romance social em Portugal, em que os elementos da composição literária apresentam afinidades estéticas e ideológicas com a narrativa empenhada do autor baiano.