Ajuda econômica norte-americana a estados brasileiros e a desestabilização da democracia no Brasil pós-guerra
Desde que veio a público a chamada Operação Brother Sam, plano sigiloso conduzido pela administração Lyndon B. Johnson para dar respaldo militar aos golpistas de 1964, não foi mais possível disfarçar o papel de Washington para o fim da democracia brasileira do pós-guerra. O presente livro engrossa o caldo de reflexão sobre o assunto, apresentando um acurado e inédito mapeamento do auxílio econômico ofertado pelos Estados Unidos diretamente a estados da federação brasileira, passando-se por cima do governo federal, como parte do processo de contenção e desestabilização da administração Jango.
Felipe Pereira Loureiro é professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP), pesquisador do Núcleo de Estudos em Política e Economia Internacional da USP (Nepei-USP), membro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre Estados Unidos (INCT-INEU) e coordenador do projeto de extensão universitária Historiando. É autor de vários artigos sobre as relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos nos anos 1960. Atualmente desenvolve projeto com apoio Fapesp sobre política externa e relações Brasil-Estados Unidos durante a ditadura militar brasileira.
Este livro analisa o processo de formulação e implementação da política econômica durante os governos de Jânio Quadros e João Goulart – um dos momentos mais críticos da história brasileira do século XX. A análise é feita a partir da atuação de classes sociais domésticas e grupos de interesses estrangeiros, notadamente o governo norte-americano e o Fundo Monetário Internacional (FMI). A partir de amplo leque de fontes, mostra-se como as condições por trás do golpe civil-militar de 1964 relacionaram-se à incapacidade do governo de conter os graves desequilíbrios da economia no período.
Numa época em que vários setores da esquerda e a máquina de propaganda dos que se assenhorearam do poder em 1° de abril de 1964 acusavam João Goulart de populista, fraco, inclusive por não haver resistido ao golpe militar, Luiz Alberto Moniz Bandeira, durante a ditadura militar, ousou e buscou restabelecer a verdade histórica, analisando seu governo e os fatores de sua derrubada. João Goulart não foi populista, não era demagogo; o PTB, escorado nos sindicatos, desempenhara empiricamente um papel similar ao dos partidos social-democratas na Europa; o golpe militar em 1964, com o apoio dos Estados Unidos, constituiu um episódio da luta de classes; o cabo Anselmo trabalhava para a CIA, em conexão com o Cenimar (Centro de Informações da Marinha); o motim dos marinheiros foi uma provocação, visando a unir as Forças Armadas contra o governo; e Goulart não teve condições de resistir, por não mais contar com o respaldo da maior parte das Forças Armadas e saber que os Estados Unidos se dispunham a intervir militarmente e dividir o Brasil, no caso de uma guerra civil. Se Goulart fosse fraco, cederia à pressão dos generais e dos Estados Unidos, fechando o CGT, reprimindo os sindicatos e demitindo do governo os elementos de esquerda, e o golpe militar não teria ocorrido.
Neste livro, Robson Mendonça Pereira investiga as ações de intervenção na cidade de São Paulo na década de 1910 na administração de Washington Luís (1914-1919), período prolífico de discussões sobre a introdução das concepções da urbanística moderna e da dificuldade de sua difusão por conta da opção formal da elite paulista pelas soluções de inspiração haussmanniana. Washington Luís pode ser considerado uma das poucas personalidades a conseguir metamorfosear o discurso da modernização em ação efetiva sobre o espaço da cidade na Primeira República. Como representante da alta burocracia estatal paulista, inaugurou um estilo de gestão administrativa que aliava a racionalidade técnica aos símbolos de uma modernidade triunfante na passagem da Belle Époque para os anos de 1920.
A publicação deste pioneiro Atlas da Imigração Internacional em São Paulo, 1850-1950, coloca nas mãos dos pesquisadores do tema uma ferramenta de trabalho de grande importância. Historiadores, antropólogos, sociólogos, geógrafos, demógrafos, economistas nele encontrarão um amplo mapeamento do cenário populacional paulista a partir da proibição do tráfico negreiro e do começo do fim da escravidão, em 1850. Particularmente, os dados sobre a imigração estrangeira e a distribuição espacial dos imigrantes definem um panorama muito expressivo de uma mudança demográfica, que foi também mudança social, cultural, econômica e política.
No início do século XX, a zona Araraquarense (atual Noroeste Paulista) passou por um grande desenvolvimento econômico, cultural e social, em virtude do fluxo de imigrações, o que mudou em pouco tempo os padrões daquela sociedade. Em meio a esse turbilhão, passaram a circular diversos jornais produzidos regionalmente, que retrataram todas as novidades desse período e os estilos de vida que emergiam. Com base nesses textos antigos, duas importantes temáticas foram pesquisadas e tratadas nesta obra: a contraditória apropriação feminina dos espaços públicos, que naqueles tempos ganhava grande publicidade, e a preservação da educação, assistência e ordenação das crianças do sertão.