Exemplaridade e arte retórica no pensamento histórico moderno
Tomando como ponto de partida o tema da Historia magistra vitae, da narrativa histórica como um repositório de ensinamentos morais sobre a maneira pela qual os homens deveriam conduzir suas vidas, Marcos Antônio Lopes empreende uma investigação sobre como antigos e modernos concebiam a História. E uma das principais conclusões é a de que, até ao menos o século XIX, ainda é possível detectar no discurso histórico a permanência da antiga concepção segundo a qual o estudo do passado comportava um compromisso, por um lado, com juízos e impressões morais e, por outro, com a complexidade da forma, a eloquência narrativa e as figuras de linguagem, artifícios tomados de empréstimo à ars rhetorica a fim de conferir à ars historica elegância e beleza. São as particularidades de um conhecimento que comporta muito de disciplina, de rigor crítico e de distanciamento – mas não pouco de enunciação literária e de envolvimento passional com o seu objeto –, que o autor explora aqui, leitura para todos os interessados em compreender um pouco mais acerca do funcionamento da “oficina da História”.
Marcos Antônio Lopes é doutor em História pela Universidade de São Paulo e professor na Universidade Estadual de Londrina. Organizou várias obras coletivas, entre as quais Fernand Braudel: tempo e história (Editora FGV), Historiadores de nosso tempo (Alameda Editorial) e A constituição da História como ciência (Vozes). É autor de Antiguidades modernas: história e política em Antônio Vieira (Edições Loyola), Voltaire político (Editora Unesp), Voltaire historiador (Papirus) e Voltaire literário (Eduel), entre outros títulos.
Instigante, profundo, informativo, esclarecedor e atraente, este livro demonstra um perfil da relação do grande iluminista Voltaire com a história e com a historiografia. Ao enriquecer o retrato de Voltaire, um dos mais fascinantes autores do século XVIII, Marcos Antônio Lopes concilia aspectos inovadores e tradicionais do pensamento desse iluminista, propondo que o vejamos como continuador e renovador de um antigo gênero literário (o dos espelhos dos príncipes), ao construir um modelo de príncipe ideal, devotado à boa administração dos negócios públicos e ao aperfeiçoamento das artes e das ciências. Resultado do trabalho solitário do autor dos textos voltairianos e de conversações, que manteve por vários anos, com pesquisadores de diversas instituições.
Werner Sombart apresenta nesta obra clássica uma análise detalhada da contribuição judaica à instauração do capitalismo. Ao examinar o deslocamento da atividade econômica dos países meridionais para os países setentrionais da Europa entre o fim do século XV e o fim do século XVII, quando o capitalismo se estabelece, percebe vínculo entre esse fenômeno e a migração dos judeus, coincidentemente do sul para o norte do continente.
Jacques Le Goff significa, para os historiadores em geral, um dos ícones que promoveram uma profunda revolução no modo de conceber a profissão. Neste livro, ele conversa com Marc Heurgon sobre sua vida e estabelece as conexões entre a história e a memória que teorizou na Enciclopédia Einaudi. Neste volume, descortina-se um homem que, preocupado com os problemas contemporâneos, se debruça sobre o passado, marcado pela guerra e pelas novas dimensões de um mundo que teve como marco a Bomba Atômica.
Este livro faz uma introdução à história da escrita sob uma visão atualizada. São foco de atenção as origens, funções e mudanças cronológicas dos mais importantes sistemas de escrita do mundo, atuais e extintos. As dinâmicas sociais das escritas são assim abordadas em todo o seu fascínio.
Os métodos da chamada "nova história cultural" têm sido amplamente discutidos nos últimos anos. Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke teve a excelente ideia de entrevistar alguns praticantes desse "estilo" de história, pedindo-lhes que justificassem suas abordagens e também que, refletindo sobre suas trajetórias intelectuais, contassem um pouco de suas próprias histórias. O resultado dessas conversas é uma série de diálogos, ao mesmo tempo informais e esclarecedores, que conseguem a façanha de levar o leitor para a intimidade da "oficina" do historiador.