Grandes protagonistas e recepção das obras no Brasil
O volume que o leitor tem em mãos apresenta um rico mosaico do prolífico e multifacetado pensamento alemão no século XX. Como esses pensadores de língua alemã responderam às demandas de seu tempo, um século marcado por toda ordem de conflitos, mas também por uma força colossal de criação e reinvenção?
Jorge de Almeida é doutor em Filosofia e professor do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da FFLCH-USP.
Wolfgang Bader foi diretor executivo do Goethe-Institut São Paulo e diretor regional do mesmo instituto para a América do Sul. Foi professor de literatura e língua alemã na UFRJ e na UnB.
A autora investiga a cultura livresca dos príncipes de Avis (que reinaram em Portugal entre 1385 e 1580) e procura examinar as condições materiais e políticas da produção dos manuscritos principalmente durante o século XV, correspondente ao fim do Medievo, quando, apesar do prestígio ainda grande da memória viva, percebe-se um crescente apreço pelo livro, pela sua capacidade de diálogo com a oralidade e por seu já então perceptível potencial de ordenação e perpetuidade. Naquele período, escrever e ler eram atos tidos como principalmente morais e éticos, não apenas em Portugal, mas em toda a Europa. Segundo a autora, a escrita é pensada como um instrumento de articulação entre o passado, o que esse passado deveria ter sido e o que ele deverá ser no futuro, ou seja, como uma organização dos saberes com um direcionamento para o futuro, visando ao mesmo tempo cada indivíduo e o todo social. Os discursos são também eivados de compromissos de preservação dos costumes e de finalidades edificantes e prescritivas, pois, para os letrados quatrocentistas, escrever e ler não eram atos isentos de consequências, antes pelo contrário, eram considerados como atos que desencadeavam outros, sendo natural, assim, que a chamada “literatura cortesã” fosse simultaneamente filosófica, política e religiosa, com um forte componente educativo.
Este trabalho analisa as teorias científicas que procuram explicar a aquisição e o desenvolvimento da linguagem e do pensamento sob a perspectiva genética. Essa análise é feita a partir dos debates entre seus expoentes mais ilustres, como Vygotsky, Wallon, Chomsky e Piaget, e dos pontos de convergência e divergência entre eles. Apesar das diferenças, há entre esses pensadores um propósito comum: fundamentar o estudo psicológico daquelas funções sobre bases científicas e genéticas e superar as concepções idealistas e materialistas mecanicistas. Desse modo, Dongo-Montoya retoma o tema da origem do pensamento da linguagem, com o debate entre Vygotsky e Piaget, cujas ideias estiveram presentes nas discussões do século XX. Na sequência, confronta as posições de Wallon e Piaget e de Piaget e Chomsky. Por fim, o autor dedica-se a evidenciar o pensamento mais atual e acabado de Piaget sobre o tema e a apresentar as consequências do desenvolvimento desses debates e dessas teorias sobre pensamento e linguagem para as questões educacionais e pedagógicas atuais.
Casamento e moral, através de análise intercultural, questiona os códigos que nos levam a ter determinadas atitudes - individuais, familiares e sociais - em relação ao sexo e ao casamento, defendendo uma nova moralidade e explorando mudanças no papel do casamento e de códigos de ética sexual. O livro gerou polêmicas na época, fazendo, inclusive, que em 1940 o autor perdesse o cargo de professor no City College, em Nova York, por considerarem suas opiniões moralmente impróprias.
Voltaire começa a se interessar pela questão vegetariana por volta de 1761. Esse interesse tardio – ele tinha 68 anos nessa época – parece estar ligado às diversas leituras que fazia quase ao mesmo tempo: o testamento de Jean Meslier, "Emílio" de Rousseau, vários livros sobre o hinduísmo e principalmente o "Tratado da abstinência" (de carne) de Porfírio, ou "Tratado de Porfírio sobre a abstinência de carne dos animais", que fora recentemente traduzido do grego para o francês (1747). A partir de 1762, o tema vegetarianismo aparece regularmente na obra de Voltaire, porém de modo disperso e alusivo. No entanto, o filósofo dedica vários trechos extensos à matança, à carne, aos animais e aos seus sofrimentos. São esses textos que estão aqui reunidos.
“Pode ser que somente se possa pensar dentro de formas herdadas. Mas isso não significa que devemos nos contentar em apenas aceitar a herança. Se pensarmos com a filosofia antiga, talvez seja possível filosofar hoje em dia. Tomar emprestado dos antigos é pegar deles o que continua sendo deles, portanto é tentar lê-los fielmente, adequando nosso olhar histórico sobre eles, mas é também tentar compreendê-los por completo, integrando seu pensamento ao nosso. É esforçar-se para sair da alternativa: história ou filosofia?”