Ensaios sobre a incerteza do instante
Prêmio Abeu 2022: 2º colocado na categoria Ciências Sociais O estudo sociológico do desconhecimento é relativo ao modo de conhecer-se da sociedade contemporânea, uma sociedade estruturalmente caracterizada por fatores ocultos necessários à sua reprodução como sociedade para a atualidade do capital. É o preço que, sem saber, a sociedade paga pelo modo capitalista de produzir e pelo modo capitalista de viver e de pensar. A sociologia do desconhecimento abordada por José de Souza Martins é a sociologia do conhecimento de Karl Mannheim aplicada à realidade social dominada pela falsa consciência sem a qual a sociedade capitalista não pode se reproduzir.
José de Souza Martins é sociólogo. Professor Titular aposentado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, da qual se tornou Professor Emérito em 2008. Foi professor visitante da Universidade da Flórida (EUA) e da Universidade de Lisboa, havendo sido eleito professor da Cátedra Simón Bolívar da Universidade de Cambridge e fellow de Trinity Hall (1993-1994). Em 2015, foi eleito para a Cadeira nº 22 da Academia Paulista de Letras. Autor de mais de duas dezenas de obras, publicou, pela Editora Unesp, o livro de crônicas O coração da Pauliceia ainda bate (2017, em coedição com a Imprensa Oficial), que em 2018 recebeu menção honrosa no Prêmio Abeu e foi finalista do Jabuti. É autor também de Sociologia do desconhecimento (2021), 2º colocado na categoria Ciências Sociais do Prêmio Abeu 2022, e As duas mortes de Francisca Júlia (2022).
Neste livro, José de Souza Martins reúne crônicas inéditas e crônicas baseadas em artigos sobre a cidade de São Paulo e a região metropolitana publicados no caderno "Metrópole" do jornal O Estado de S. Paulo, durante nove anos, de 2004 a 2013. O autor volta um olhar terno, por vezes bem-humorado, outras vezes nostálgico, sobre cantos e recantos paulistanos. Mesclam-se nos saborosos textos o olhar historiográfico, o olhar do sociólogo, mas sobretudo o olhar literário do cronista. Trata-se de um passeio agradabilíssimo pela cidade, que descortina ao leitor insuspeitadas histórias que se escondem nas ruas, nos casarões, nos monumentos de São Paulo.
Neste livro, o sociólogo José de Souza Martins retrata o contexto histórico e social no qual se deu a Semana de Arte Moderna. Na esteira do novo paradigma estético que se impunha, a memória poética de muitos foi sacrificada, e Francisca Júlia, figura então central do parnasianismo e simbolismo brasileiro, foi submetida à sua segunda morte, após ter acabado com sua própria vida meses antes daquele paroxismo modernista, aos 49 anos. A biografia dessa poeta maiúscula é estratégica para a exposição do meio social, cultural e artístico que prenunciava a Semana e definiria o panorama nacional subsequente. Mais do que compor um retrato de uma vida trágica, eivada de adversidades pessoais e sociais, procura-se aqui fazer justiça à trajetória que expõe a condição limitante da mulher literata de então, em paralelo com a sofisticação gradualmente conquistada pela cidade que a abrigava.
Obra maiúscula de um dos grandes sociólogos brasileiros em atividade Segundo a Organização Internacional do Trabalho, hoje ainda há 27,6 milhões de trabalhadores, no mundo inteiro, sob diferentes formas de escravidão. Destes, quase quatro milhões estão nas Américas. Neste livro, o autor se propõe a desvendar e explicar essa anomalia social e moral no contexto brasileiro, com base na informação empírica já abundante sobre o tema da continuidade disfarçada da escravidão no período pós-escravista.
Percorrendo um caminho que vai das abordagens de Weber e Durkheim aos debates atuais sobre as questões religiosas, esta obra mostra que as religiões são fatos sociais cuja análise permite compreender melhor as sociedades e sua evolução. O objetivo de Jean-Paul Willaime não é apresentar as denominações existentes, mas sim o modo como se construiu, ao longo do tempo, através de uma pluralidade de olhares, um campo de estudo particular: a sociologia das religiões.
Este livro propõe uma abordagem inovadora para o estudo das crises políticas. Em vez de tratá-las como imprevistos ou patologias, Michel Dobry as compreende como a norma das relações sociais. O autor não desconsidera que tais fenômenos possuem aspectos históricos, factuais ou acidentais. Porém, sua reflexão concentra-se na idealização de um esquema teórico que ultrapasse as singularidades em benefício de revelar suas dinâmicas características. Lançado originalmente em 1986, este livro logo se tornou um clássico da área. Nesta terceira edição, traduzida pela Editora Unesp, Dobry revisou o texto e adicionou um prefácio, de 2009, no qual atualiza sua teoria e dialoga com a recepção desta que é sua principal obra.