Estudo dos livros 5 e 12 da Antologia Palatina
Enquanto, em nossos dias, a discussão sobre gênero esquenta e se amplia, na antiga Grécia tal debate não faria sentido. Nesta obra, Luiz Carlos Mangia Silva oferece uma contribuição importante para uma reflexão sobre o tema e para uma compreensão mais apurada acerca da cultura e do erotismo dos antigos gregos. Ele analisa mais de 60 epigramas eróticos gregos da Antologia Palatina – parte vertida pela primeira vez para a língua portuguesa – que selecionou entre 250 produzidos entre os séculos III a.C. e I d.C. E percebe que, embora pertençam à mesma categoria (eróticos) e tenham características muito semelhantes do ponto de vista da composição, os poemas foram separados no livro 5 e 12 da coleção. Por quê, se em compilações antigas os epigramas eram apresentados como um só conjunto? Mangia Silva conclui que a divisão reflete a interferência cristã nas compilações posteriores, em que os epigramas foram distribuídos conforme o destinatário – a amada ou o amado: “A separação, de um lado atende a uma expectativa cristã relativa à expressão sexual, de outro escamoteia um importante traço da cultura grega: o da experiência unívoca da sexualidade”.
Professor-adjunto da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Tem pós-doutorado (2009-2010), doutorado (2004-2008) e mestrado (2001-2003) em Estudos Literários pela Unesp. Atua na área de Letras, com ênfase em Cultura Clássica (Línguas e Literaturas Grega e Latina).
Poucos são os estudos mais aprofundados sobre a produção de Lima Barreto, um dos expoentes da literatura brasileira do início do século XX e autor de obras clássicas como Triste fim de Policarpo Quaresma e Clara dos Anjos. Mas esta pesquisa do inglês Robert John Oakley, professor de português e espanhol da Universidade de Birmingham, se diferencia por ir além da análise das muitas obras do autor, entre narrativas longas, contos, sátiras e crônicas. Ao destrinchar a trajetória literária de Lima Barreto, Oakley baseia-se nos resultados da pesquisa sobre as pouco investigadas leituras do autor, e revela que textos como O que é a arte?, de Tolstoi, Os heróis, de Thomas Carlyle, e autores como Herbert Spencer e Henry Maudsley, serviram muito para desenvolver sua concepção da prática da escrita e do papel da literatura. Neste livro, o leitor poderá ter acesso a uma visão mais ampla do pensamento barretiano.
Neste livro, Vera Teixeira de Aguiar discorre sobre o fenômeno geral da comunicação, abordando questões centrais para a compreensão da natureza e da função, não apenas da linguagem verbal, mas de muitas outras linguagens, tais como a das imagens, da moda ou da propaganda, e das complexas relações que mantêm com a linguagem verbal, nas suas mais diferentes manifestações.
Neste livro, Eagleton analisa a relação da literatura com a história, a política, a filosofia e a crítica, revelando como a obra literária se torna um campo de batalha para a luta de ideias, valores e ideologias, sendo muito mais que um reflexo da realidade: a literatura é um espaço de contestação, de questionamento e de reinvenção do mundo.
No início do século XIX, consolidou-se uma nova maneira de perceber as questões estéticas em contraposição àquela que lograva mais de dois mil anos de tradição. A partir de então, e de maneira evidente na obra de muitos dos críticos literários atuais, a ênfase analítica se deslocou para a relação entre o artista e a obra. Neste livro clássico, M. H. Abrams conta como ocorreu essa transformação, analisando diversas teorias estéticas a partir de atributos absolutamente essenciais que essas concepções possuíam em comum.
Míriam Giberti Páttaro analisa as estratégias textuais e as atualizações que autores brasileiros – mais especificamente Godofredo Rangel e Monteiro Lobato – realizaram em suas traduções do livro A Child’s History of the World, de V. M. Hillyer. Segundo a autora, cada história possui um repertório próprio; as estratégias textuais variam de acordo com o autor e com o destinatário almejado pelos textos. Páttaro aponta que, no caso da versão lobatiana, certas indeterminações, inexistentes nas obras de Hillyer e Rangel, incitam o leitor a realizar leituras em níveis diversos. Esses níveis deverão ser definidos por ele, segundo seus próprio parâmetros. A exemplo do que ocorre em outros textos lobatianos, não há uma preocupação com transmissão de certezas, de alinhamentos rígidos diante do mundo, mas com seu questionamento, se assim o leitor desejar.