Diálogo ciceroniano aborda questões religiosas e filosóficas. É importante ressaltar, no entanto, que sua questão central é a retórica. O diálogo que se estabelece entre os três personagens desta obra satiriza e procura pôr em xeque o discurso ciceroniano. Entretanto, mais do que um ataque a Cícero ou a seus seguidores quinhentistas, Erasmo desenvolve considerações universais e atemporais, ainda hoje relevantes para a estética ou para a avaliação estilística e literária.
Erasmo de Roterdã (1466-1536), teólogo e filósofo, foi autor de obras que alcançaram grande popularidade, a exemplo de O elogio da loucura, de 1509. Sua profícua atividade intelectual, em especial seus textos de caráter teologal, tensionou simultaneamente suas relações com a igreja católica e com o protestantismo que nascia à época. Equilibrando-se entre as duas vertentes do cristianismo e empunhando a bandeira da moderação e do racionalismo em uma época de radicalizações, Erasmo consolidou-se como um expoente do humanismo europeu.
Um dos tratados teológicos mais influentes da história do Cristianismo, Instituição da religião cristã é a obra máxima de Calvino, autor universalmente reconhecido e estudado – inclusive por Weber e Marx – como um dos pilares da Reforma Protestante. Esta edição, traduzida diretamente do latim, baseia-se na versão definitiva de 1559, resultado de quase trinta anos de reflexões do pensador franco-suíço.
Em Diálogos apócrifos, estão reunidos textos selecionados da produção da autora, Maria do Rosário Longo Mortatti, durante sua atuação profissional: entre 1976 e 1991, como professora de língua portuguesa e literatura na rede pública oficial de ensino paulista e em escolas particulares da cidade de Campinas/SP; e, a partir de 1991, como docente universitária vinculada à Unesp (Universidade Estadual Paulista). São textos de palestras, entrevistas, notas e artigos de opinião ou divulgação científica, escritos entre 1986 e 2014, que permaneceram inéditos ou foram publicados em veículos de circulação restrita ou atualmente fora de circulação. Todos estão relacionados com a temática “educação e ensino de língua e literatura”, na qual estão circunscritos os temas de estudos e pesquisas que a autora veio desenvolvendo ao longo das últimas quatro décadas.
Os textos estão organizados em ordem cronológica de sua produção e circulação, propiciando maior visibilidade da perspectiva interdisciplinar, no que se refere à relação tanto dos temas entre si quanto com as demandas que motivaram sua abordagem, em cada momento histórico. Essa ordenação cronológica propicia ainda que o leitor relacione informações e opiniões sobre os assuntos abordados com o momento histórico a que se referem, evitando, assim, anacronismos.
Os artigos que compõem esta coletânea foram publicados entre 1969 e 2005 e têm uma temática persistente: a da vida cotidiana e comum que a filosofia não pode nem deve trair se não quer converter-se em mero jogo de palavras. Para o autor, o pirronismo repensado e rearticulado conforme a linguagem e os problemas filosóficos da contemporaneidade, preserva, no entanto, total consonância com a inspiração original do pirronismo histórico e a mensagem da Sképsis grega continua plenamente atual, respondendo às necessidades filosóficas também de nosso tempo.
Neste livro são estudadas, em suas múltiplas implicações, o romance de Jorge Amado (1912-2001), produzido na década de 1930, e o romance neo-realista português, publicado no início da década de 1940. O objeto de trabaho são as obras que se destacam pela ênfase política e pela existência de traços literários convergentes que apontam para a revalorização do realismo e o aprofundamento da temática social. A tese norteadora pretende demonstrar que o projeto estético-ideológico de Jorge Amado foi incorporado pelos neo-realistas na primeira fase do movimento, contribuindo para o surgimento de um novo romance social em Portugal, em que os elementos da composição literária apresentam afinidades estéticas e ideológicas com a narrativa empenhada do autor baiano.
Este livro de Maria Lúcia Gonçalves Balestriero tem como primeiro e principal mérito voltar-se para um poeta de escassa fortuna crítica, embora reconhecido pelos grandes nomes de nossa crítica como uma voz original e significativa da poesia brasileira do século XX.
A autora, com um texto cuidadoso e criterioso em seu recorte metodológico, aborda a questão da bifrontalidade da obra do poeta – consensualmente vista como voltada, ao mesmo tempo, para a tradição e a modernidade - , inovando, entretanto, quando descreve duas tendências opostas, mas ambas fundadas na modernidade: o intuicionismo e a racionalidade. A reiterada apresentação de Faustino como poeta de raízes intrinsicamente modernas dá relevância e autonomia aos ensaios aqui apresentados.
Na parte inicial, Balestriero passa em revista as diversas tendências da poesia do século XX para, em seguida, abordar direta e detidamente a obra de Faustino, apresentando leituras detalhadas, bem articuladas e fundamentadas dos poemas selecionados. Desvelando a poética faustiniana, a autora nos revela também sua argúcia como crítica literária neste bem-vindo livro sobre Mário Faustino.