Este livro de Maria Lúcia Gonçalves Balestriero tem como primeiro e principal mérito voltar-se para um poeta de escassa fortuna crítica, embora reconhecido pelos grandes nomes de nossa crítica como uma voz original e significativa da poesia brasileira do século XX. A autora, com um texto cuidadoso e criterioso em seu recorte metodológico, aborda a questão da bifrontalidade da obra do poeta – consensualmente vista como voltada, ao mesmo tempo, para a tradição e a modernidade - , inovando, entretanto, quando descreve duas tendências opostas, mas ambas fundadas na modernidade: o intuicionismo e a racionalidade. A reiterada apresentação de Faustino como poeta de raízes intrinsicamente modernas dá relevância e autonomia aos ensaios aqui apresentados. Na parte inicial, Balestriero passa em revista as diversas tendências da poesia do século XX para, em seguida, abordar direta e detidamente a obra de Faustino, apresentando leituras detalhadas, bem articuladas e fundamentadas dos poemas selecionados. Desvelando a poética faustiniana, a autora nos revela também sua argúcia como crítica literária neste bem-vindo livro sobre Mário Faustino.
Licenciada em Letras Vernácula se Inglês (1970) pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília. Tem especialização em Teoria Literária (1977) e mestrado em Letras (1993) pela UNESP, campus de Assis e doutorado em Educação (1998) pela UNESP, campus de Marília. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Literatura e Língua Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: leitura e produção de textos, poesia, lúdico, arte e escola.
Dedicada à produção ficcional relacionada ao mito e à magia, esta antologia apresenta um diversificado panorama sobre o assunto, a partir de ensaios que refletem sobre essas histórias, algumas da Antiguidade, outras, contemporâneas. Todas atualmente presentes como parte indissociável da cultura universal: o mito de Édipo, a fábula árabe, o Sebastianismo, o romance gótico, os primórdios da narrativa policial, entre outras representações.
Nesta longa e minuciosa pesquisa, realizada quase totalmente na Itália entre 2001 e 2009, Maria Betânia Amoroso recupera e analisa as impressões deixadas por Murilo Mendes entre os italianos durante o período em que ele viveu naquele país (1957 a 1975). Seu maior objetivo é contribuir para a releitura do percurso do poeta e de sua abrangente obra, ao iluminar aspectos ainda poucos estudados de sua trajetória.
Com Poesias (1888) e Tarde (1919), entre outras obras, Olavo Bilac (1865-1918) insere seu nome na história da literatura brasileira como um dos principais poetas parnasianos, dos quais é certamente o mais popular, graças à sensualidade decorosa e ao sentimentalismo mitigado, além da habilidade versificatória. Junto a seus contemporâneos, o escritor adquire também sólida reputação como jornalista, orador e intelectual politicamente empenhado.
Neste livro, estão reunidos ensaios que contemplam várias facetas da múltipla atuação pública de Bilac e põem em relevo algumas de suas intervenções em favor da liberdade de imprensa, da democracia, do saneamento e da modernização urbanística do Rio de Janeiro, do serviço militar obrigatório (no contexto da Primeira Guerra Mundial) e do ensino (básico) universal, público, gratuito e de qualidade.
Autor de sátiras e crônicas políticas, Olavo Bilac, nos primeiros anos da República, afirma-se inclusive como um dos mais aguerridos críticos do presidente Floriano Peixoto (1839-1895), que o encarcera e obriga-o a autoexilar-se em Minas Gerais.
Grande expoente do chamado Parnasianismo brasileiro, Olavo Bilac também teve notável atividade jornalística, na qual sobressaiu especialmente sua veia satírica. Em estilo mais leve que aquele adotado na parcela de sua produção que o celebrizou, produziu textos de caráter multifacetado e que ora são resgatados em edição cuidadosa empreendida por Alvaro Simões Junior. Neste título reúnem-se poemas satíricos que Bilac publicou, principalmente em periódicos, de 1887 a 1905. Os textos estão distribuídos de acordo com a forma adotada: poemas herói-cômicos, esquetes, sonetos, odes, crônicas, canções, fábula e epigramas. Em alguns casos, os versos estão "emoldurados" por trechos em prosa, pois Bilac às vezes os divulgava no bojo das crônicas que publicava a intervalos regulares por compromisso profissional. O livro traz uma seção para as crônicas versificadas, ou seja, para textos que, apesar das rimas e do ritmo regular, realizaram o comentário bem-humorado dos fatos cotidianos, como é próprio da crônica.
O grande desafio deste livro está na habilidade de realizar análises críticas de três dos principais escritores em língua portuguesa de todos os tempos: Guimarães Rosa, Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade. Os elementos comuns estudados incluem a crítica à sociedade patriarcal nacional e, acima de tudo, uma ponte constante, com idas e voltas, entre a história e a literatura. Roncari consegue desvendar caminhos interpretativos com base na leitura atenta de descrições de cenas e paisagens, além de verificar como a escrita se comunica com o poder econômico e social. Texto e contexto são assim relacionados com extrema competência, mostrando como instabilidades de ordem social presentes no sistema capitalista encontram reflexo na literatura e vice-versa.