“Há políticas culturais para os índios e há políticas culturais dos índios. Não são a mesma coisa.” O presente livro reúne dezenove ensaios que procuram distinguir e debater as políticas culturais feitas para os índios, as feitas pelos índios e aquelas que de alguma maneira os envolvem. São observadas não apenas tais políticas, mas também seus pontos de cruzamento e seus efeitos conjugados.
É antropóloga, doutorou-se e ensinou na Universidade Estadual de Campinas (1973-1984), foi professora titular na Universidade de São Paulo (1984-1994) e na Universidade de Chicago (1994-2009). É membro da Academia Brasileira de Ciências. Foi titular da cátedra “Savoirs contre pauvreté” no Collège de France (2011-2012). Recebeu vários prêmios, entre os quais a Ordem do Mérito Científico na Classe Grã Cruz, a Légion d´Honneur da França, a medalha Roquette-Pinto da Associação Brasileira de Antropologia e a medalha da Francofonia da Academia Francesa. Sua atuação distribui-se pela etnologia, história e direitos dos índios, escravidão negra, etnicidade, conhecimentos tradicionais e teoria antropológica.
Graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, mestre e doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional/ UFRJ, tendo realizado seu pós-doutorado no Departamento de Letras da Universidade de São Paulo (2008-2010). Foi professor do Departamento de História da Arte da UNIFESP e, atualmente, leciona no Departamento de Antropologia da USP. É autor de Oniska – poética do xamanismo na Amazônia (Perspectiva, 2011), terceiro lugar do Prêmio Jabuti de Ciências Humanas, e Quando a Terra deixou de falar – cantos da mitologia marubo (Editora 34, 2013).
Este livro enfoca o marco da Constituição de 1988 para os direitos territoriais indígenas. A Constituição foi seguramente um marco ao assumir os povos indígenas como portadores de formas de vida com direito ao futuro, não mais como resquícios do passado em vias de extinção. Mais e mais o Judiciário, a começar pelo STF, também reinterpretaram a Constituição como um marco específico, o chamado marco temporal. No entanto, essa interpretação, paradoxalmente, proíbe o direito ao futuro de muitos povos. A crítica às recentes interpretações judiciais unifica as contribuições deste livro. A enumeração aqui realizada não é exaustiva. Serve como indicação dos vários desafios para fazer da Constituição uma realidade. Para isso, o Judiciário é uma das arenas. O escopo deste livro enfoca justamente a jurisprudência mais recente sobre os direitos territoriais indígenas. Falar do direito ao futuro dos povos indígenas não é a formulação cândida que paira no ar. Antes, é um projeto normativo ancorado na resistência indígena de longa data e conta com a vitalidade no presente das muitas associações indígenas locais, regionais e nacionais.
Nesta obra, Terry Eagleton se debruça sobre os usos, o significado e as noções de cultura. Mais do que uma busca para desvendar as origens do sentido dado à palavra, ele se propõe a rever seu significado tanto antropológico quanto estético, abarcando o entendimento de cultura em mais de uma vertente. A partir deste apanhado, o autor segue para discutir a crise moderna da ideia de cultura, passando pelos atuais choques culturais e debatendo a dialética da natureza e da cultura. Assim, este título abre a mente do leitor para questões fundamentais do mundo contemporâneo, tais como a homogeneização da cultura de massa, a função da cultura na estruturação do Estado-Nação e a construção de identidades e sistemas doutrinários.
Trecheiros são indivíduos que perambulam por rodovias, geralmente em trechos delimitados, sobrevivendo da mendicância ou de pequenos e esporádicos trabalhos. São geralmente usuários intensivos de álcool e encontram-se em uma situação de exclusão social. Este denso trabalho de investigação traz informações e detalhes interessantes sobre o cotidiano da vida desses errantes, além de oferecer um quadro amplo para a compreensão da errância no panorama geral da sociedade contemporânea. Pelo relato de diversos casos, o autor oferece preciosas histórias de vida que têm como epicentro a ruptura com o sedentarismo estável e o mergulho radical no nomadismo.
“Uma das mais duradouras questões metodológicas da antropologia é: como manter, na mesma visão, o que são claramente construtos culturais e históricos e o que são, evidentemente, generalidades sobre a existência social? O truque consiste em especificar um sem diminuir o outro.” Em resposta a esse enigma antropológico, Parentesco, direito e o inesperado parte de uma questão central nos estudos de sociedade: a maneira como usamos as relações humanas, em especial aquelas que ocorrem na família e nos meios adjacentes a ela, para desvelar os próprios relacionamentos.
De sua vida multifacetada, um traço maior emerge: a estrada preferida de Stradelli foi sempre a do Atlântico e do Mar Doce infinito da Amazônia. E, nesta, as estradas invisíveis de seus povos escondidos na maior floresta, refratários à civilização ocidental de predadores e genocidas. E ele foi, verdadeiramente, um amigo dos indígenas. Incorporou seus mitos e lendas. E foi incorporado, de igual para igual, pelas narrativas dos povos do rio Uaupés, pela sua memória oral inscrita na voz e incisa nas pedras (itacoatiaras) que ele tão bem soube decifrar. Do prefácio de Francisco Foot Hardman