Em sua correspondência pessoal, Bertrand Russell gostava de se referir a alguns de seus projetos filosóficos como tentativas de escrita de um “grande” livro. O conhecimento humano: seu escopo e seus limites é o último grande livro de Russell, e seu tema – o problema da inferência não demonstrativa – tem sido preocupação central dos filósofos desde que Hume erodiu os argumentos indutivos. No começo da carreira, Russell concentrou seus interesses, seu talento e sua energia na tentativa de determinar se havia ou não algum conhecimento assegurado. Como se alegava que nem argumentos indutivos, nem argumentos não demonstrativos podiam fornecer conhecimentos seguros, ele não lhes deu muita atenção. Partindo de sua experiência na matemática, Russell estudou a inferência demonstrativa como a fonte de conhecimento que mais provavelmente poderia reivindicar alguma certeza. Mas a matemática que lhe fora ensinada, ele logo descobriu, erguia-se sobre provas falaciosas, então Russell se viu forçado a voltar à lógica para ali definir seu ponto de partida.
Bertrand Russell (1872-1970) foi um dos pensadores mais admiráveis do século XX. Filósofo, matemático, inovador na área de educação, defensor das liberdade intelectual, social e sexual, militante da paz e de direitos humanos, tambem é autor de prolífica, popular e influente obra que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1950. Na Editora Unesp, também tem publicado Por que os homens vão à guerra (2014), Sobre a educação (2014), Casamento e moral (2015) e Educação e ordem social (2018).
“O princípio supremo, tanto na política quanto na vida privada, deveria ser o de promover tudo o que for criativo e, assim, diminuir os impulsos e desejos que giram em torno da posse.” Esta obra constitui potente reflexão sobre os elementos que levam o homem a estados de beligerância e os níveis em que isso poderia ou deveria ser evitado, contribuindo decisivamente para a fama de Russell como crítico social e pacifista.
Dentre os vários assuntos discutidos neste livro, estão os medos na infância, a importância das brincadeiras, as formas de se lidar com o egoísmo infantil, o papel da escola maternal e a relevância da educação sexual. Russell aborda esses e outros aspectos que ainda frequentam a agenda dos debates pedagógicos – como a questão dos castigos físicos, por exemplo – de maneira bastante inovadora para a época e extremamente influente para experimentos educacionais posteriores.
Casamento e moral, através de análise intercultural, questiona os códigos que nos levam a ter determinadas atitudes - individuais, familiares e sociais - em relação ao sexo e ao casamento, defendendo uma nova moralidade e explorando mudanças no papel do casamento e de códigos de ética sexual. O livro gerou polêmicas na época, fazendo, inclusive, que em 1940 o autor perdesse o cargo de professor no City College, em Nova York, por considerarem suas opiniões moralmente impróprias.
Perry Anderson se debruça sobre o processo de transformação das sociedades antigas, baseadas em um sistema escravista, em uma sociedade cujo sustentáculo era o modo de produção feudal. O leitor é guiado pela ótica marxista de Anderson ao cerne de questões sociais e políticas originadas no período clássico e que se mantiveram atuantes até o nascimento dos Estados modernos e suas monarquias absolutistas. Em uma argumentação alicerçada no materialismo histórico, o autor lança luz sobre um período da história europeia pouco estudado por essa corrente historiográfica – atenta, mais comumente, ao desenvolvimento do capitalismo.
Esta obra traça o desenvolvimento dos Estados absolutistas no início do período moderno a partir de suas raízes no feudalismo europeu, avaliando suas diversas trajetórias. Ao abarcar uma variada gama de exemplos e cenários, Perry Anderson coloca o desenvolvimento dos Estados europeus no cerne das discussões sobre uma história universal, dando novo fôlego ao estudo das monarquias absolutistas e do modo de produção que gestou o sistema capitalista.