Reflexões sobre o livre arbítrio, a linguagem e o poder político
O filósofo americano John Searle deve seu renome internacional às suas obras sobre a linguagem e a mente. Neste livro, ele prossegue aqui seu trabalho no campo da filosofia prática, retomando, dentro de sua perspectiva, questões fundamentais: as da liberdade e do poder político. O que é ser livre? Se incluirmos os conhecimentos da pesquisa contemporânea no domínio das ciências cognitivas e da neurobiologia, devemos incluir um certo tipo de correlação com a hipótese do determinismo. Logo, a questão é: qual deve ser a natureza da mente, como fato físico, para que a liberdade seja possível?
J. R. Searle (1932) é professor da Universidade de Berkeley (Califórnia), e hoje um dos principais representantes da Filosofia da Mente, e vem estudando afundo, nas últimas décadas, os resultados das Neurociências. O objetivo desta comunicação é apresentar uma parte de suas investigações sobre o tema “Intencionalidade”, limitando-nos apenas a apresentar a estrutura geral dos fenômenos mentais intencionais, com vistas a elucidar a “ontologia do mental”: quais as propriedades distintivas dos estados intencionais, e qual é a estrutura geral destes estados intencionais?
Em Renascimento do acontecimento, François Dosse empreende um estudo epistemológico a fim de reabilitar a noção de “acontecimento” na historiografia. Em diálogo com o crescente interesse pelos fenômenos singulares, por parte das ciências humanas, o autor propõe uma nova interpretação desse conceito, entendendo-o não mais de modo restritivo, e sim a partir da constatação de seu caráter enigmático e indefinido.
O caráter polêmico e a relevância da obra de David Hume são indisputáveis. Neste livro, discute-se a visão do filósofo sobre a teoria do conhecimento e da ciência, além de tópicos mais particulares, mas nem por isso menos cruciais, como sua crítica ao finalismo, sua relevância para a leitura de Freud e a tese humeana, retomada por Quine, da continuidade entre conhecimento comum e teórico.
Jurista de formação, Tarde, infelizmente, ficou conhecido como o rival histórico de Émile Durkheim e, em sua época, sua obra não obteve o devido conhecimento - muito possivelmente por conta da complexidade e originalidade de suas ideias, além de sua aversão pelo determinismo evolucionista que constituía o mainstream intelectual de fins do século XIX. A presente edição tem o mérito de apresentar ao leitor brasileiro um panorama das principais noções que fundamentam a obra de Tarde, que influenciou filósofos e cientistas sociais como Henri Bergson (1859-1941), Gilles Deleuze (1925-95), Bruno Latour e Eduardo Viveiros de Castro. Além do ensaio que dá título à obra e que constitui a base do inusitado pensamento sociológico tardiano, compõem esta edição "A var iação universal", "A ação dos fatos futuros" e "Os possíveis", além de uma carta autobiográfica de Tarde, uma listagem bibliográfica do e sobre o autor e da instigante apresentação assinada por Eduardo Viana Vargas, organizador do volume.
Este ensaio de um dos mais destacados historiadores do mundo inicia-se procurando recuperar e justificar a teoria neo-romana dos cidadãos livres e dos Estados livres como ela se desenvolveu no início da Inglaterra moderna, e termina com uma poderosa defesa da natureza, propósitos e metas da história intelectual e da história das idéias.
As relações entre Jean Piaget (1896-1980) e os filósofos nem sempre foram pacíficas. Nesta sugestiva e harmoniosa reunião de textos, Barbara Freitag, conhecida socióloga alemã e freqüente colaboradora das universidades brasileiras, examina a obra do criador do Centro de Epistemologia Genética de Genebra, à luz do grande racionalismo ocidental. Os pensadores aqui examinados são Rousseau, Kant e Habermas. Do desenho que se traça de Piaget como antigo filósofo e de Piaget como futuro filósofo, o que acaba sobressaindo, em meio às tendências irracionalistas correntes, é um claro perfil de Piaget como filósofo, com o que o presente livro se revela um importante instrumento crítico para a reavaliação das numerosas "leituras" de Piaget que se fazem no Brasil.