As procelas de Júlio Ribeiro (1845-1890)
Este livro empreende uma análise conjugada da experiência social de Júlio Ribeiro e de seus textos no âmbito das letras paulistas, entre as décadas de 1870 e 1890, com o objetivo de ultrapassar o rótulo estigmatizante de "autor de um romance obsceno" - A Carne (1888) - elaborado por seus coetâneos e perpetuado na memória histórica.
Autor deste livro.
Aguinaldo Gonçalves analisa o sistema poético da obra A educação pela pedra , de João Cabral de Melo Neto, a partir da macroestrutura e de alguns procedimentos de linguagem do livro e o situa no conjunto da obra do poeta. Em seguida, a partir de observações sobre a poética pictórica do pintor espanhol Joan Miró, Gonçalves busca estabelecer aquilo que chama de “homologia estrutural” entre as duas linguagens – a poética e a pictórica –, mantendo essa identidade de base sem cair na arbitrariedade que frequentemente ronda os estudos comparados. As observações de ordem intertextual feitas acerca do poeta permitem o salto para essa intersemioticidade por onde entra o pintor. Essa comparação entre as artes prepara analiticamente a investigação da linguagem do poeta como marcada por uma intensa leitura da própria obra (o que o autor chama de autotextualidade), sem deixar de considerar as relações de João Cabral com as artes plásticas. Essas leituras de Aguinaldo José Gonçalves são todas elas momentos de convergência em que o verbal e o visual tecem uma rede muito bem tramada de anotações analíticas.
Dedicada à produção ficcional relacionada ao mito e à magia, esta antologia apresenta um diversificado panorama sobre o assunto, a partir de ensaios que refletem sobre essas histórias, algumas da Antiguidade, outras, contemporâneas. Todas atualmente presentes como parte indissociável da cultura universal: o mito de Édipo, a fábula árabe, o Sebastianismo, o romance gótico, os primórdios da narrativa policial, entre outras representações.
Nessa magnífica obra, Terry Eagleton oferece um estudo abrangente da tragédia – de Ésquilo a Edward Albee –. discutindo tanto a teoria quanto a prática e transitando entre noções de tragédia e análises de obras e autores em particular. Essa surpreendente tour de force vai além do palco e reflete não apenas sobre a arte do trágico, mas também sobre tragédia na vida real. Explora a noção do trágico no romance, examinando escritores como Melville, Hawthorne, Stendhal, Tolstói, Flaubert, Dostoiévski, Kafka, Manzoni, Goethe e Mann, assim como romancistas ingleses.
Neste livro são estudadas, em suas múltiplas implicações, o romance de Jorge Amado (1912-2001), produzido na década de 1930, e o romance neo-realista português, publicado no início da década de 1940. O objeto de trabaho são as obras que se destacam pela ênfase política e pela existência de traços literários convergentes que apontam para a revalorização do realismo e o aprofundamento da temática social. A tese norteadora pretende demonstrar que o projeto estético-ideológico de Jorge Amado foi incorporado pelos neo-realistas na primeira fase do movimento, contribuindo para o surgimento de um novo romance social em Portugal, em que os elementos da composição literária apresentam afinidades estéticas e ideológicas com a narrativa empenhada do autor baiano.
Os sistemas clássicos limitavam-se geralmente a registrar a dicotomia artificial das artes do espaço e das artes do tempo. A classificação tradicional das artes opõe as três artes plásticas (arquitetura, pintura e escultura) às três artes rítmicas (dança, música e poesia). Uma das grandes descobertas de Etienne Souriau, segundo Huisman, consistiu na crítica da oposição entre o plástico e o rítmico. Com efeito, ele mostrou como as artes plásticas comportam igualmente um tempo essencial, como as artes ditas do tempo, e que as artes rítmicas são tão espaciais como as ditas do espaço.