'Uma latente filosofia do tempo' ganha nova tiragem

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segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Seleção de ensaios de um dos mais importantes pensadores alemães da segunda metade do século XX – inéditos em português – aborda história dos conceitos para uma “filosofia do tempo”

O historiador alemão Reinhart Koselleck (1923-2006) dedicou-se a mostrar, em suas obras, que o historiador e a história não se separam. As próprias experiências que ele vivenciou foram importantes para o desenvolvimento de suas reflexões, que culminaram com a proposta de uma História dos Conceitos na contemporaneidade. Agora, a coletânea Uma latente filosofia do tempo, que reúne quatro ensaios escritos por ele – inéditos em nosso idioma – ganha nova tiragem.

“Vistos a partir de hoje, uma década e meia após a morte do autor, esses textos nos ajudam a entender que a importância de suas contribuições transcende a que seria de se esperar da parte de um notável historiador do iluminismo europeu e do início do Ottocento, anota um dos organizadores da obra, Hans Ulrich Gumbrecht, na quarta capa. “Somos, assim, capazes de aferir que Koselleck talvez seja o mais eminente ‘filósofo do tempo’ do final do século XX porque, ao historicizar o cronótopo do ‘tempo histórico’, permitiu-nos olhar o tempo como uma dimensão da existência humana de uma forma nova, elementar e antropológica.”

No primeiro texto, Koselleck discute como a linguagem e o indivíduo podem influenciar na construção de sentidos de uma narrativa ao longo do tempo. No segundo, assumindo como base uma tentativa de se montar a história da batalha de Stalingrado a partir de uma coleção de cartas escritas por soldados alemães que não retornaram a seu país, o autor enfrenta uma questão específica e crucial: seria possível encontrar sentido quando “não há uma realidade comum que pudesse ser percebida da mesma maneira pelos diversos participantes”, quando “a história da percepção é sempre pluralisticamente fraturada”? Em seguida, no terceiro, aborda se e como ficção e realidade se relacionam, como uma pode interferir na outra e até que ponto os textos ficcionais são condicionados pela realidade histórica e influenciam essa realidade. Por fim, a partir dos questionamentos anteriormente levantados, surge a pergunta lançada logo no título do ensaio “Para que ainda investigação histórica?”, discutindo o papel da história e do historiador.

“Sua reflexão filosófica sobre a temporalidade, aqui adjetivada como latente, é, por vezes, negligenciada quando se compara à ênfase dada à recepção de Koselleck em sua relação com a história dos conceitos, com a história do iluminismo e com a defesa de protocolos científicos específicos para a disciplina História”, anota a também organizadora do texto Thamara de Oliveira Rodrigues. “Por essa razão, buscamos destacar Reinhart Koselleck não apenas como um dos mais importantes historiadores e teóricos da história do século XX, mas também como um filósofo do tempo, cujas abordagens são centrais aos desafios mais amplos enfrentados pelas Humanidades e pelo mundo contemporâneo.”

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