'A ideia de cultura' ganha nova tiragem

Notícia
Notícias
segunda-feira, 10 de junho de 2024

Terry Eagleton

Quando se discute cultura, a ideia que se faz deste termo geralmente se perde na amplitude de seu significado antropológico, que abarca de estilos de penteados a usos lingüísticos específicos, ou esbarra na rígida separação entre erudito e popular em seu sentido estético. Para dar conta da nova importância política deste conceito-chave da sociologia, Terry Eagleton propõe, em A ideia de cultura - 2ª edição, justamente a superação destas definições. Ele acaba de ganhar nova tiragem.

Para o professor britânico, a ideia de cultura significa uma rejeição “tanto do naturalismo quanto do idealismo”, ressaltando a tensão “entre fazer e ser feito, racionalidade e espontaneidade”. Também chama a atenção para a sua importância para a formação de identidades coletivas no processo de construção do Estado moderno, destacando a relação dos termos cultura e civilização que, de sinônimos, passam a ter significados antagônicos. Entramos então no problema da crise contemporânea da ideia de cultura, que difere das crises anteriores por sua afirmação de uma identidade específica ao invés de sua transcendência. Cultura deixou de significar um espaço de valores no qual podíamos encontrar outro ser humano, um meio para resolver rivalidades políticas, para se transformar no “próprio léxico do conflito político”.

O próximo ponto então é entender os choques culturais como “parte da forma que assume a política mundial do novo milênio”. Chamando a atenção para o fato de que não é o conteúdo da alta cultura o que está em jogo, mas os significados do seu uso, Eagleton lembra que a “disputa entre alta cultura, cultura como identidade e cultura pós-moderna não é uma questão do cosmopolita versus o local”, mas uma questão geopolítica, o confronto “entre a civilidade ocidental e tudo aquilo com que ela se defronta em outros lugares”. 

Dentro deste amplo panorama conceitual, Eagleton também debate a dialética da natureza e da cultura, além de estabelecer um diálogo profícuo com Marx, Nietzsche e Freud sobre as forças que interagem com a cultura. Resgatando o conceito das vulgatas que permeiam muitos dos discursos sobre o problema da cultura, ele possibilita uma nova visão aprofundada sobre questões centrais do mundo contemporâneo, como a homogeneização da cultura de massas, a função da cultura na estruturação do Estado-Nação, a construção de identidades e sistemas doutrinários. O resgate do significado de cultura torna-se vital para entendermos sua nova função política.

Para não perder nenhuma novidade, siga a Editora Unesp no FacebookInstagramTikTok e inscreva-se em seu canal no YouTube.

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp
imprensa.editora@unesp.br