Obra do filósofo alemão serve como termômetro para lidar com a ascensão de posições nacionalistas, xenófobas, autoritárias e racistas na sociedade
Ao se observar o noticiário, percebe-se que, nacional e internacionalmente, ganham relevo posições ultranacionalistas, imbuídas de racismo, xenofobia e toda sorte de sentimentos autoritários, supostamente sepultados no século XX. Como ferramental para lidar com essas questões, a publicação de A inclusão do outro: estudos de teoria política, de Jürgen Habermas, que acaba de ganhar nova tiragem, encontra timing perfeito. O texto junta-se à Coleção Habermas, dedicada a facilitar ao leitor brasileiro o acesso das obras do pensador.
“O livro é uma coletânea de ensaios que combina, de modo sistemático, as reflexões teóricas sobre as relações entre moral, política e direito, com uma análise das questões práticas de inclusão do outro enfrentadas pelas sociedades democráticas, que, ainda enquadradas pela normatividade do Estado nacional, se defrontam com os fenômenos do multiculturalismo e da globalização”, escreve Denilson Luís Werle, professor de Ética e Filosofia Política no departamento de Filosofia da UFSC que traduziu a obra.
Ao longo de seis partes, Habermas analisa a inclusão do outro em diferentes âmbitos, como no contexto mais abstrato da argumentação moral, que visa explicitar o teor cognitivo de uma moral universalista do respeito igual e da responsabilidade solidária por cada um; em discussões e posicionamentos sobre o desenvolvimento do Estado nacional e a concepção liberal igualitária de cidadania democrática em sociedades plurais, multiculturais e globalizadas; nas concepções de direitos humanos e nas reflexões sobre o cosmopolitismo e direito internacional; no âmbito das lutas por reconhecimento no contexto dos Estados constitucionais democráticos; nas concepções normativas de democracia e na defesa da concepção de política deliberativa a partir do aprofundamento dos vínculos entre Estado de direito e democracia radical. “O fio condutor das discussões é a questão sobre como assegurar a coexistência em igualdade de direitos e a convivência no respeito mútuo entre as pessoas no contexto de um crescente pluralismo de planos de vida pessoais e formas de vida culturais, que não apenas são diferentes, irreconciliáveis e estranhos entre si, mas que muitas vezes querem permanecer assim”, pontua Werle.
A contribuição do livro reside, justamente, no diagnóstico das sociedades contemporâneas e para a reflexão sobre as questões teóricas e normativas que dele emergem.
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