Cientistas políticos traçam radiografia dos descaminhos e das potencialidades da democracia
A partir de diferentes correntes teóricas, os ensaios apresentam possíveis enquadramentos das “desigualdades”, mas também propõem uma reflexão abrangente sobre o que se entende por “democracia”
Embora sua definição clássica seja o “governo do povo”, a democracia sempre manteve uma relação ambígua com a igualdade. Dessa perspectiva, a obra Desigualdades e democracia: o debate da teoria política, lançamento da Editora Unesp, com organização de Luis Felipe Miguel, busca debater não apenas as maneiras de enquadrar a questão das desigualdades, mas as diversas compreensões do significado e do alcance da democracia.
Atualmente, nos regimes contemporâneos, a extensão da cidadania convive com o alcance reduzido da vontade popular, cujas decisões influem muito menos nos rumos da vida coletiva. Ao mesmo tempo que variados sistemas políticos coexistem com modelos socioeconômicos que ampliam as iniquidades, novas perspectivas teóricas procuram redefinir conceitos muito caros à ciência política, como os limites entre o “público” e o “privado”, ou mesmo o “universalismo”.
Nesse cenário, segundo Miguel, riqueza, classe, gênero e raça criam padrões complexos de desigualdade que se expressam na esfera política. “Até que ponto podemos continuar falando em democracia quando as instituições políticas não apenas convivem com, mas também reproduzem tanta desigualdade?”, indaga o organizador. “E de que maneira a democracia pode contribuir para reduzir as desigualdades sociais, se é que pode?”
Para refletir sobre essas e outras questões, o livro desvela uma radiografia plural dessa problemática e, em um debate tradicionalmente marcado por dogmatismos, favorece inferências e conexões entre correntes teóricas diversas, como liberalismo, marxismo, elitismo, republicanismo, participacionismo, feminismo, deliberacionismo, multiculturalismo, teoria do reconhecimento, pós-estruturalismo e pós-colonialismo. Os capítulos são textos autorais, escritos por pesquisadoras e pesquisadores individuais, com as marcas de suas opções teóricas e políticas, de suas trajetórias particulares e mesmo de suas idiossincrasias, mas são, também, o fruto de uma interlocução coletiva.
Sobre o organizador – Luis Felipe Miguel é professor titular do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, onde coordena o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê). Publicou, pela Editora Unesp, Caleidoscópio convexo: mulheres, política e mídia (2011, em coautoria com Flávia Biroli) e Democracia e representação (2014), premiado pela Anpocs como Melhor Obra Científica em 2015.
Título: Desigualdades e democracia: o debate da teoria política
Organizador: Luis Felipe Miguel
Número de páginas: 436
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 64,00
ISBN: 978-85-393-0632-9