Em 19 de junho de 1898 foi o primeiro dia em que foram feitas imagens a partir da tecnologia do cinematógrafo no Brasil, as imagens foram gravadas a bordo do navio Brésil, que havia saído de Boudeaux, na França, onde o italiano Afonso Segreto tinha acabado de fazer um curso sobre a operação do cinematógrafo. As imagens capturaram o cenário da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.
Hoje, após 122 anos, o cinema nacional apresenta uma trajetória marcada por diversas fases, como as chanchadas, o Cinema Novo e a consagração de filmes com mais de 5 milhões de espectadores. Para refletir sobre esses diversos períodos, a Editora Unesp destaca livros que abordam a temática. Confira abaixo a seleção:
Autor: Guilherme de Almeida | Organizadores: Donny Correia e Marcelo Tápia | 679 páginas | R$ 98 por R$ 30 na Queima de inverno da Editora Unesp até 29 de junho
Crítica cinematográfica: uma vertente - hoje quase desconhecida - da produção do poeta modernista Guilherme de Almeida (1890-1969) que certamente causa uma grata surpresa ao leitor. Por meio dela, aqui representada por 218 textos, publicados entre 1926 e 1942 no jornal O Estado de S. Paulo, é possível reviver o período de transição entre a "arte do movimento silencioso" e o filme falado, bem como a presença pujante dos cinemas em São Paulo nas primeiras décadas do século XX e sua importância no cotidiano cultural da cidade.
Autora: Sheila Schvarzman| 400 páginas | R$ 72
Prêmio Almanaque 2005 da Revista da Cinema-SP
Uma nova obra de referência, que abre espaço para que Humberto Mauro, artista mineiro, considerado o mais brasileiro dos diretores do cinema nacional, seja conhecido na totalidade das facetas de sua ampla filmografia. Mauro fez filmes entre 1925 e 1974, e construiu uma trajetória repleta de imagens que se tornaram matrizes do cinema brasileiro. Neste livro, que relata os 50 anos de atividade de Humberto Mauro e discute a possibilidade da existência de um cinema brasileiro e dos seus vínculos com a grande arte universal, a autora reflete sobre a possibilidade de filmar o Brasil e seu povo sob um olhar também nacional. Com essa proposta, o estudo ilumina o Cinema Novo e ajuda a projetar hipóteses sobre os caminhos da produção nacional.
Autor: Fausto Douglas Correa Jr.| 296 páginas | R$ 48
O livro aborda o conceito de cinemateca desde o surgimento das primeiras coleções de filmes até os dias atuais, enfocando o final da década de 1950 e início da de 1960, quando um modelo específico de cinemateca, do qual o grande ideólogo foi Henri Langlois, é colocado em xeque no âmbito da Federação Internacional de Arquivos de Filmes (FIAF). O texto procura compreender ainda as especificidades da experiência brasileira no panorama político e cultural do país, analisando sobretudo o projeto político/pedagógico da instituição para o campo da educação e de políticas culturais no Brasil no período entre 1952 e 1973.
Organizadores: Jorge Nóvoa, Soleni Biscouto Fressato e Kristian Feigelson | 496 páginas | R$ 82
O principal objetivo desta obra é reforçar as pesquisas científicas entre os pesquisadores franceses e brasileiros no domínio das relações entre o cinema e as sociedades que denominamos, a partir de Marc Ferro, de cinema-história. O livro reúne contribuições de pesquisadores reconhecidos em três áreas principais: os fundamentos teóricos da história e das ciências sociais e da representação dos processos históricos, a construção e a reconstrução do passado no cinema e os filmes como lugar de memória e de identidade que se cruzam no discurso fílmico. Os fenômenos são assim circunscritos a partir de um conjunto de suportes audiovisuais pouco abordados no Brasil, sob o ângulo da teoria cinema-história.
Autor: Laurent Mannoni | 514 páginas | R$ 110
Considerado um dos melhores e mais abrangentes estudos mundiais sobre o período "pré-cinema", este livro é de grande importância para o estudo da arte, da fotografia e da sétima arte. Aponta ainda como efeitos do cinema contemporâneo, como fades e panorâmicas, foram inventados e empregados nos séculos XVIII e XIX. O cinema, arte e indústria, atravessou o século XX e começa o XXI numa trajetória bem documentada, repleta de fatos e personagens à disposição de quem queira conhecê-los, em filmes, livros e jornais. Este trabalho de Laurent Mannoni dedicado ao "pré-cinema", ou seja, ao esforço de conquistar a técnica da produção de imagens em movimento, mostra que também essa fase várias vezes secular foi rica de acontecimentos, com seus malogros e êxitos, seus heróis e mártires criativos - a exemplo de Christiaan Huygens, o inventor da placa animada (a projeção numa tela da imagem luminosa e movimentada) que morreu em 1695, exatamente duzentos anos antes de dar-se por inventado o cinema, ou cinematógrafo. Com clareza e vivacidade de exposição que estimulam a leitura, abrindo frequentes "janelas" de testemunhos sempre interessantes, A grande arte da luz e da sombra, indispensável aos estudantes e profissionais de fotografia e cinema, endereça-se também ao público amplo apreciador de história, ciência, tecnologia, literatura e sociologia.
Autora: Célia Aparecida Ferreira Tolentino | 328 páginas | R$ 69
O cinema brasileiro precisou ganhar em tecnologia, industrializar-se e imitar bem o seu correlato americano para poder impor a temática rural para o grande público. E, tal como aquele, afirmá-la como passado, sem vigência, como tradição. Uma forma de abordagem que afirma um rural que não é, para poder, da melhor maneira possível, diferenciá-lo daquele que fala – e daquele que a ele assiste.