Clássico de Bernard de Mandeville satiriza os vícios privados e sua extensão ao público no período das Luzes

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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Autor considera que a insensibilidade geral é condizente com o interesse supremo do Estado e, consequentemente, da ordem pública

Pelo senso comum, o egoísmo é o amor exagerado aos interesses próprios a despeito dos de outrem. Mas, para Bernard de Mandeviile, essa atitude pode trazer vantagens para a sociedade. É o que defende no clássico do pensamento das Luzes A fábula das abelhas: ou vícios privados, benefícios públicos, lançamento da Editora Unesp. 

Em um tom de fábula, Mandeville passeia pela questão dos defeitos e corrupções apontados em diversas profissões para, a seguir, examinar de que forma esses “vícios, de cada pessoa em particular, por uma hábil destreza, são postos a serviço da grandiosidade e da felicidade mundana de todos”. “[O]s que examinam a natureza do homem, dispensando a arte e a educação, podem observar que aquilo que o torna um animal sociável consiste não no seu desejo de companhia, bondade, piedade, afabilidade e outras encantos de bela aparência, mas sim no fato de que as suas qualidades mais vis e odiosas são as aptidões mais necessárias para ajustá-lo nas maiores e, conforme anda o mundo, nas mais felizes e prósperas sociedades”, anota o autor. 

Ele ainda demonstra que, “se a humanidade pudesse ser curada das imperfeições que lhe são naturalmente próprias, ela deixaria de ser capaz de se lançar à condição das sociedades tão vastas, poderosas e refinadas, como as que existiram sob as diversas repúblicas e monarquias que prosperaram desde a criação”. 

Com tradução de Bruno Costa Simões, o texto de Mandeville causou escândalo na época e recobre uma contribuição decisiva ao pensamento das Luzes, segundo Pedro Paulo Pimenta, que assina as orelhas da obra. “A leitura de A fábula das abelhas, hoje mais pertinente do que nunca, pode servir, entre outras coisas, para atenuar nossa ingenuidade em relação a valores que a nossa época costuma tomar como definitivos, mas que, como todos os valores, são impostos por quem tem interesse e força para torná-los correntes”, pontua Pimenta. 

Sobre o autor - Bernard de Mandeville (1670-1733) nasceu em Rotterdam, Países Baixos. Filósofo, médico, economista político e satirista, passou a maior parte de sua vida na Inglaterra e escreveu quase todos os seus trabalhos em inglês. Sua obra magna, A fábula das abelhas, causou forte impacto no século XVIII, suscitando ataques e elogios, e contribuiu fortemente para lançar as bases da chamada ciência da natureza humana. 

Título: A fábula das abelhas: ou vícios privados, benefícios públicos
Autor: Bernard Mandeville
Tradução: Bruno Costa Simões
Número de páginas: 412
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 74,00
ISBN: 978-85-393-0707-4

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp