Clássico de Raul Pompeia se inspira nas desventuras juvenis do próprio autor

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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Obra recebeu excelente recepção crítica desde o momento de sua publicação como folhetim,e o autor foi comparado aos franceses Balzac, Zola e Flaubert 

Livro clássico da literatura brasileira, O Ateneu: crônica de saudades, de Raul Pompeia, foi considerado inicialmente uma obra realista, mas hoje se reconhece que a obra também apresenta traços de estéticas europeias que não ganharam a força de movimento literário no Brasil, como o Impressionismo francês e o Expressionismo alemão. Além disso, o texto de Pompeia, lançado pela Editora Unesp pela Coleção Clássicos da Literatura Unesp, também é qualificado como naturalista, por apresentar características deterministas, ou seja, a de que o comportamento do homem é formado por fatores sociológicos, ambientais, históricos e, sobretudo, biológicos, seguindo padrões definidos pelas ciências naturais.

A obra narra, na cidade do Rio de Janeiro dos anos 1870, a história do jovem Sérgio, de 11 anos, quando ele ingressa no prestigioso Athenæum, instituição reservada à aristocracia e à burguesia carioca. O internato é dirigido com mão de ferro por Aristarco, personagem que mescla certas atitudes paternalistas com a prática de humilhação pública de alunos com baixo desempenho escolar. Sérgio se encontra imerso nesse universo violento, cujos códigos ainda não domina, onde crianças têm a opção de se tornar vítimas ou algozes.

Durante os dois anos que passa no Ateneu, Sérgio desenvolve amizades, às vezes turbulentas, e inimigos perigosos, naquele espaço interditado às mulheres, com exceção de d. Ema, esposa do diretor, única pessoa que o trata com candura desinteressada e por quem o protagonista se apaixona.

Romance de formação por excelência, O Ateneu, apesar de ficcional, tem como fonte inspiradora experiências pessoais do autor. O tom memorialístico do texto remete a um episódio importante da vida de Raul Pompeia: aos 10 anos, foi internado no famoso Colégio Abílio, cujo diretor, o barão de Macaúbas, era conhecido pela severidade e prepotência. Não por acaso a obra se subintitula “Crônica de saudades” e narra, pelo olhar esclarecido de um Sérgio adulto, as desventuras de sua versão juvenil.

O texto recebeu excelente recepção crítica desde o momento de sua publicação como folhetim, e o autor foi comparado pelo redator literário do jornal O Tempo aos franceses Balzac, Zola e Flaubert, expoentes da literatura realista. No entanto, o romance não acomoda Pompeia no figurino realista da época: além do estilo singular, o autor se sobressai também pela versatilidade artística – a edição de 1905 foi ilustrada por ele mesmo – e pela peculiaridade do traço expressionista com que desenhou com igual destreza e refinamento seus personagens. 

Sobre a coleção – Clássicos da Literatura Unesp constitui uma porta de entrada para o cânon da literatura universal. Não se pretende disponibilizar edições críticas, mas simplesmente volumes que permitam a leitura prazerosa de clássicos. A seleção de títulos é conscientemente multifacetada e não sistemática, permitindo o livre passeio do leitor. Confira aqui outras obras publicadas. 

Título: O Ateneu: crônica de saudades
Autor: Raul Pompeia
Número de páginas: 224 
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 46
ISBN: 978-85-393-0834-7 

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