Clássico do pensamento e da literatura chinesa ganha primeira edição em um idioma ocidental

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segunda-feira, 20 de junho de 2022

Os textos de Zhuang Zhou, a partir do contexto chinês, oferecem os mais interessantes questionamentos sobre o significado da liberdade, a busca de felicidade e o anseio por realização de todo ser humano  

Um dos principais textos do pensamento e da literatura chineses e que não só continua a intrigar e inspirar leitores sinófonos em nossos tempos, mas também é uma das principais “pontes” para que leitores de outros idiomas – pessoas de diferentes culturas – possam se aproximar do que nos foi legado pela China Antiga, vem a lume O imortal do Sul da China: uma leitura cultural do Zhuangzi, lançamento da Editora Uneso com apoio do Instituto Confúcio na Unesp. A tradução e os comentários ficam a cargo do pesquisador Giorgio Sinedino, que já assinou as traduções de Os Analectos e de Dao De Jing.

“Zhuangzi não apenas surpreende pelo seu senso de humor e finíssima ironia; pelo menos no contexto chinês, oferece-nos dos mais interessantes questionamentos sobre o significado da liberdade, a busca de felicidade e o anseio por realização de todo ser humano”, escreve Sinedino na introdução do texto. “Na leitura que anima a tradução e os comentários desta obra, assumo que há um percurso intelectual coerente nos sete capítulos dos “Textos do mestre”, primeiro tomo de O imortal do Sul da China. O praticante daoista está imbuído do anseio por liberdade existencial (Cap. I), que deve ser informado pela busca de uma sabedoria que transcende as limitações dos sentidos (Cap. II), motivando o esforço para a manutenção da saúde (Cap. III), a qual permite acumular força para persistir no Caminho (Cap. IV), multiplicada pelo reconhecimento da beleza absoluta (Cap. V). Esse processo de preparação existencial e espiritual culmina no encontro final com uma força invencível: a morte (Cap. VI). O capítulo final virá como uma mensagem de conforto, uma vez que o praticante tenha conseguido atravessar o teste de fogo, a vitória sobre o medo de não mais existir.”

Sinedino emprega nesta obra – diferentemente de em Os Analectos e Dao De Jing – uma técnica de tradução literária que agrega elementos dos comentários ao texto principal e desenvolve o próprio texto original segundo as regras da escrita literária (clássica) ocidental. “Desta vez, não apenas desejo explorar O imortal do Sul da China como uma obra-prima do pensamento, mas, sobretudo, como um marco da literatura em chinês, o que suscita um paradoxo: uma tradução literal do texto principal do Zhuangzi carece do mesmo valor literário na língua de chegada”, escreve. “Por conseguinte, se desejarmos empreender uma “tradução literária” de um texto clássico chinês em prosa, não podemos agir como se estivéssemos traduzindo um texto de Petrônio, Montaigne ou Joseph Conrad, apenas com atenção para o que já está disponível aos nossos olhos e mentes na língua de partida. A razão para tanto, obviamente, é a de que suas obras compartilham as mesmas concepções que as de nossa tradição literária, seguindo os mesmos padrões.”

Além disso, Sinedino atribui novos títulos aos capítulos e às passagens, bem como elabora “apresentações” para cada capítulo e “comentários” após cada passagem. “As ‘apresentações’ destacam ‘o que está em jogo’, as questões que servem de pano de fundo para os ensinamentos de Zhuangzi”, anota. “Os comentários que se seguem às passagens são composições minhas, obviamente informados pelos comentários chineses antigos, pela não desprezível literatura de apoio que acumulei e por minha convivência e experiências pessoais com o daoismo e daoistas.”  

Sobre o autor - Zhuang Zhou, comumente conhecido como Zhuangzi (literalmente “Mestre Zhuang”), foi um influente filósofo chinês que viveu por volta do século IV a.C., durante o período dos Reinos Combatentes, que corresponde ao ápice da filosofia chinesa, também designado como período das Cem Escolas de Pensamento. A ele é creditada a escrita – em parte ou no todo – da obra conhecida por seu nome, o Zhuangzi, um dos textos fundamentais do daoismo. (Foto: Domínio Público/Wikipédia). 

Sobre o tradutor - Fluente em doze idiomas, inclusive mandarim, cantonês e japonês, Giorgio Sinedino vive na China desde 2005. Com doutorado em Religião pela China Renmin University e mestrado em Filosofia pela Peking University, estudou budismo no Templo da Fonte do Dharma e daoismo no Templo da Nuvem Branca, tendo também aprendido sobre diversas tradições chinesas com um número de mestres sem filiação institucional. Publica frequentemente sobre pensamento e literatura da China, além de manter um podcast sobre autores e obras clássicos na Rádio China Internacional. Pela Editora Unesp, publicou Os Analectos (2012) e Dao De Jing (2016), além deste O imortal do Sul da China (2022). Atualmente exerce funções no Governo de Macau (Região Administrativa Especial da China) e ensina tradução e literatura na Universidade Politécnica de Macau (Foto: TDM Entrevista/Reprodução)

Título: O imortal do Sul da China: uma leitura cultural do Zhuangzi
Autor: Zhuang Zhou
Tradução, introdução e comentários: Giorgio Sinedino
Número de páginas: 397    
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 96
ISBN: 978-65-5711-110-9

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