Guilherme de Almeida
A seção Clássicos do Catálogo desta semana traz o livro Cinematographos: Antologia da crítica cinematográfica, lançado em 2016 pela Editora Unesp em parceria com a Casa Guilherme de Almeida. A obra reúne 218 textos sobre cinema, publicados pelo grande poeta modernista no jornal O Estado de S. Paulo, no período de 1926 a 1942, organizados por Donny Correia e Marcelo Tápia. Entre crônicas e críticas, disseca a força sedutora da arte cinematográfica, que pode se manifestar tanto no humor satírico de Tempos Modernos quanto no movimento silencioso de O Encouraçado Potemkin.
Mas não se trata apenas de uma coletânea. É também uma aventura. Acompanhamos Guilherme de Almeida na descoberta da câmara subjetiva com Napoléon; examinamos em uma série de artigos a figura do censor, mesmo contra a nossa vontade, pois “não temos nem poderíamos ter prazer algum em pregar pró ou contra essa sua discutibilíssima e desinteressante religião”; lamentamos a chegada do cinema falado para, logo em seguida, apreciarmos The Jazz Singer, “o documento inicial e básico da história de uma arte que começa”; descobrimos o milagre da cor nos 20 minutos de La Cucaracha; analisamos o resultado da grande experiência que é Cidadão Kane.
Além do olhar contemporâneo, culto e perspicaz sobre filmes hoje clássicos, o leitor é igualmente convidado a flanar pela São Paulo da primeira metade do século XX, pois o evento social que exigia as melhores roupas de seus frequentadores e mobilizava bondes e táxis é igualmente tema de reflexão para o poeta. Há escritos, realizados desde as opiniões colhidas nas cartas dos leitores, que examinam os hábitos dos frequentadores.
Em notas curtas, fala de personalidades, do mercado cinematográfico ou de melhoramentos de salas como o Theatro Santa Helena, na praça da Sé. Há ainda uma série de crônicas em que aborda ainda mais diretamente o cotidiano e cria analogias, como ao dizer, em 10 de março de 1927, que “São Paulo é uma cidade cinematográfica. Logo, é moderna. É moderna, porque tudo nela é movimento”. Sempre, como descreve Erika Lopes Teixeira no Posfácio, com “o lirismo peculiar do poeta, as figuras de linguagem, o ritmo encadeado das palavras – como se cada crônica fosse ela própria um filme – e por fim, mas igualmente importante, os preceitos modernistas”.
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