Filósofo francês Pedro Abelardo (1079-1142) em gravura de Massard (século XIX)
Pedro Abelardo é dos maiores nomes da Filosofia, da Ética e da Teologia do século XII e o grande lógico de toda a Idade Média, sem falar de seu papel como protagonista no trágico romance com Heloísa, que marcou o imaginário europeu por séculos. Dentro deste quadro de importância histórica e filosófica, destaca-se o que viria a ser o primeiro grande tratado medieval de lógica a chegar aos nossos dias, Lógica para principiantes, escolhido para a seção Clássicos do catálogo desta semana.
Importantíssimo, o autor foi responsável pela revalorização de Aristóteles, contrabalançando a predominância de Platão, em meio às considerações sobre os “universais”, revalorização que determinou os rumos posteriores da escolástica. Com isso, é uma figura-chave no estabelecimento dos alicerces da Filosofia e da Teologia medievais, muito mais do que qualquer de seus predecessores. É também considerado um precursor do racionalismo da Idade Moderna.
O texto de introdução ao pensamento de Abelardo e a tradução direta do original latino são trabalho de Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento, especialista em História da Filosofia Medieval, com ênfase em Tomás de Aquino, e numerosas traduções de obras de pensadores medievais.
Dividido em três partes, Lógica para principiantes começa com considerações gerais sobre a Lógica e a Filosofia. Segue um comentário à Introdução às categorias (Isagoge) do neoplatônico Porfírio. A terceira parte constitui-se em uma investigação às perguntas de Porfírio sobre os tipos (universais) que devemos atribuir aos gêneros e às espécies.
Esta “querela dos universais” — se são reais ou apenas conceitos com os quais pensamos a realidade —, ao passar do debate lógico para o teológico dominou boa parte da filosofia medieval. Abelardo se posiciona entre Roscelino (que reduz o universal à materialidade das palavras) e Guilherme de Champeaux (os universais são o material comum dos indivíduos), considerando o real como o sentido das palavras. É esse o sentido da famosa pergunta: o “nome da rosa” teria algum significado se já não existissem rosas? Para ele a existência das rosas, associada ao conceito, é necessária pois, de outra forma, não teria nenhum sentido a frase “não existem mais rosas”.
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