Clássicos do Catálogo: 'Os nomes da história', de Jacques Rancière

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domingo, 28 de julho de 2024

O filósofo Jacques Rancière
(Foto: Annette Bozorgan/Wikipédia)


Com objetivo principal de fazer uma crítica às escolas historiográficas mais proeminentes e analisar como cada corrente constrói seu discurso a partir do termo histoire, empregado para História e história, o filósofo Jacques Rancière, em Osnomes da história: Ensaio de poética do saber – obra selecionada para a seção Clássicos do Catálogo desta semana –, também busca identificar como cada grupo posiciona História em relação à história para tentar demonstrar de que modo cada abordagem conspira para o uso da segunda concepção e a supressão tanto do “excesso de palavras” desencadeado pela Revolução Francesa quanto do anacronismo do evento da Revolução.

Relatos de pessoas anônimas são centrais no livro, pois, com a “morte do rei” e os eventos da revolução, entrou em cena um personagem novo, segundo o autor: a massa, cuja voz passa a ecoar da democracia ou, às vezes, do anonimato. Ele, por isso, confere à Revolução Francesa o papel de “pausa epistemológica”, que chamaria de nova estrutura poética do conhecimento. A base dessa estrutura, diz, é a falta de relação entre as palavras e as coisas ou o excesso de significado, para além do significado.

São esses precisamente os sentidos de histoire que Rancière evoca no título do livro. Por agregar duas “coisas” diferentes, a palavra história serve de exemplo do “excesso de palavras”. E é esse excesso que possibilita à História existir como disciplina, que tenta escapar à esfera da literatura, da crônica e, ainda, não ser confundida com as histórias contadas. “Não era simplesmente o fato de poder conciliar os rigores de uma com os encantos da outra. Era, bem mais profundamente, o fato de que apenas a língua das histórias era capaz de marcar a cientificidade própria da ciência histórica: uma questão não de retórica [...] mas de poética, constituindo em língua de verdade a língua tão verdadeira quanto falsa das histórias”.

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