Coletânea de ensaios de William Hazlitt ganha versão inédita em português

Notícia
Notícias
quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Estilista consumado, destacou-se como um exímio conhecedor da poesia inglesa, da prosa francesa e das artes plásticas e figurativas 

O inglês William Hazlitt (1778-1830) integra o panteão como um dos melhores ensaístas de todos os tempos. “Ao se observar sua trajetória – de estudante de teologia e filosofia a pintor itinerante e, por fim, articulista de alguns dos jornais e magazines mais conceituados da época –, não parece que Hazlitt se pretendesse um inovador do ensaio como forma literária de expressão”, escreve Daniel Lago Monteiro, responsável pela tradução e apresentação da obra. “De fato, ele não o pretendeu, mas o fez.” Agora, a ausência quase completa de seus textos em língua portuguesa é reparada pela coletânea O prazer da pintura e outros ensaios, lançamento da Editora Unesp.

“A presente seleção, traduzida com esmero, embora focada na crítica das artes, está longe de se resumir a considerações de teor estético”, pontua o pesquisador Pedro Paulo Pimenta, que assina as orelhas da obra. “Observador atento da vida cotidiana da então maior cidade do mundo, Londres, no coração da qual (o Soho) viveu a maior parte da vida, Hazlitt foi capaz de dar ao seu texto uma vibração nervosa similar à das transações cotidianas da metrópole. É como se a fisiologia do autor convergisse com a da vida urbana, em ritmo que alterna o frenético, o reflexivo, o melancólico.”

Sua produção fascinou autores das mais diversas épocas e nacionalidades, chegando a ser livros de cabeceira para Robert Louis Stevenson, Virginia Woolf, Aleksandr Púchkin e Domingo Sarmiento. No Brasil, Vinicius de Moraes, Lúcia Miguel Pereira e Eugênio Gomes foram alguns dos célebres admiradores de sua obra. Com uma combinação peculiar de temas imemoriais com a crônica do dia a dia, a afabilidade e a língua ferina, a prosa poética e a linguagem das ruas, os ensaios de Hazlitt, sempre temperados com sua defesa radical da classe operária, são um dos marcos da literatura moderna.

Como todos os poetas e críticos de sua geração, esse inglês sentira fascínio pela Revolução Francesa de 1789 e sua promessa de emancipação do gênero humano. Ao contrário da maioria deles, nunca se desencantou. E se a revolução não dera certo, era pelo fato de que “o amor pela liberdade é menos forte do que o amor pelo poder, pois o amor pela liberdade é guiado por um instinto menos seguro de alcançar seus objetivos”, escreveu.

“Liberdade é uma luta continua e conjunta. Mas será́ que ela segue um percurso linear, de modo que pudéssemos, por um cálculo matemático, antever um período da história verdadeiramente livre, justo, igualitário, de respeito para com o outro e conhecimento de si próprio? Não. Liberdade é uma ideia, uma abstração. Imaginamos que a sentimos quando estamos no topo de uma montanha, quando praticamos um esporte, quando damos o acabamento a um quadro ou a qualquer atividade manual com a qual estejamos engajados. Mas liberdade também é uma vontade, guiada por um instinto, que mede forças com a vontade de poder. Hazlitt jamais cedeu ao niilismo. No último ensaio que escreveu, pôde com orgulho declarar: ‘Uma vez que sinto uma impressão a sinto ainda mais forte da segunda vez; não tenho a menor intenção de insultar ou descartar meus melhores pensamentos’”, regista Daniel Lago Monteiro. E eis aqui, para o leitor brasileiro, uma seleção de seus melhores pensamentos.

Sobre o autor – William Hazlitt (1778 –1830) foi um escritor inglês, lembrado por seus ensaios humanistas. No início de sua vida, sente-se fortemente inclinado à prática da pintura, carreira da qual abdica para dedicar-se a ensaios críticos como o que intitula esta obra (On the pleasure of painting).

Título: O prazer da pintura e outros ensaios
Autor: William Hazlitt
Tradução, apresentação e notas: Daniel Lago Monteiro
Número de páginas: 368
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 84,00
ISBN: 978-65-5711-034-8

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp
imprensa.editora@unesp.br