'Começo conjectural da história humana', de Kant, ganha nova tiragem

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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Em 1786, Kant estava às voltas com a questão da transição da tutela da natureza para o estado de liberdade, por meio do exercício da razão. Ou seja, queria saber de que modo o homem tinha se transformado, a partir da crueza animal, em um ser racional e social. O resultado de suas reflexões está em Começo conjectural da história humana, obra em que o filósofo estabelece a especificidade do homem em relação às outras criaturas. A versão em português, que acaba de ganhar nova impressão, é assinada por Edmilson Menezes a partir dos originais em alemão, que confrontou o texto com outras edições alemãs e com as traduções francesa, italiana e espanhola.

Além de sublinhar a universalidade do conceito de homem, Kant faz da História uma maneira de pensar a humanidade de um ponto de vista universal e cosmopolita. Os primeiros capítulos do Gênesis, entendidos como o documento mais antigo disponível, servem de fio condutor de sua narrativa, onde reescreve o começo da trajetória da humanidade a partir da separação instinto e razão. Avaliando as perdas empíricas e ganhos morais desta fissura, articula-as e apresenta a teleologia como solução para as antinomias.

Tal conflito aberto entre o físico e o moral, o empírico e o transcendental é trabalhado então a partir do tema da desigualdade, em que esta inadequação inaugural é entendida ao mesmo tempo como uma fatalidade da história humana e sua dinâmica. Apresentando ideias centrais ao momento histórico em que vive, Kant entende a liberdade como o começo e a condição do progresso moral, se debruçando sobre o passado do homem no intuito de melhor apreender o seu futuro. O retorno às origens aqui proposto abre um livre curso à imaginação, no qual o filósofo articula o papel contundente do Mal no homem, considerado inseparável da liberdade.

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp