Confira o verbete Homem, presente na Enciclopédia Iluminista, de Diderot e d'Alembert

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Preparador de plumas

Imagem: Plumassier-Panachier, différens Ouvrages et Outils | Preparador de plumas e penachos, diferentes obras e instrumentos. 

Homem, Diderot [8, 256]

Verbete integrante da Enciclopédia - Volume 2, de Diderot e d'Alembert, organização Pedro Paulo Pimenta e Maria das Graças de Souza. São Paulo: Editora Unesp, 2015, págs. 360-361. É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Homem, ser que sente, reflete, pensa, que perambula livremente sobre a superfície da Terra, que parece estar à frente de todos os outros animais, os quais ele domina, que vive em sociedade, que inventou as ciências e as artes, que tem uma bondade e uma maldade que lhe são únicas, que se deu senhores para si mesmo, que fez leis etc.

O homem assemelha-se aos animais pelo que tem de material, e quando nos propomos a inseri-lo na enumeração de todos os seres naturais, somos forçados a colocá-lo na classe dos animais. Melhor e mais perverso que os outros, ele merece, a duplo título, estar à frente deles.

O homem comunica seu pensamento através da fala, e esse signo é comum à espécie como um todo. Se os animais não falam, não é porque lhes falta o órgão da fala, mas sim pela impossibilidade de ligarem ideias. Ver Língua.

Pode-se considerar o homem sob diferentes aspectos; os principais formam os artigos seguintes.

É composto por duas substâncias, uma chamada alma, outra conhecida pelo nome de corpo. O corpo, ou a parte material do homem, foi muito estudado. Deu-se o nome de anatomistas [257] aos que se ocupam desse trabalho importante e penoso.

Acompanhou-se o homem desde o momento de sua formação ou do início de sua vida até o instante de sua morte. É o que forma a história natural do homem.

Considerou-se o homem como capaz de diferentes operações intelectuais que o tornam bom ou mau, útil ou nocivo, benfeitor ou malfeitor. 

Desse estado solitário ou individual passou-se ao estado de sociedade, e foram propostos alguns princípios gerais, a partir dos quais o poder soberano que o governa pudesse extrair do homem o maior número possível de vantagens. Deu-se a esse verbete o nome de Homem Político.

Poder-se-iam multiplicar ao infinito os diferentes olhares sob os quais o homem é considerado. Por sua curiosidade, por seus trabalhos e por suas necessidades, ele se liga a todas as partes da natureza. Não se encontra algo que não possa ser referido a ele, como poderá verificar quem percorrer os diferentes verbetes desta obra, na qual irá encontrá-lo aplicado ao conhecimento dos seres ao seu redor ou trabalhando para voltá-los para o seu próprio uso.

(Tradução de Pedro Paulo Pimenta)

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp