Confira os significados dos verbetes Prazer, Delícia e Volúpia, presentes na Enciclopédia

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terça-feira, 5 de abril de 2016

Imagem: Escola de desenho, presente na Enciclopédia - Volume 5

Verbete integrante da Enciclopédia - Volume 5, de Diderot e d'Alembert, organização Pedro Paulo Pimenta e Maria das Graças de Souza. São Paulo: Editora Unesp, 2015, págs. 148-149. É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

A ideia de prazer é muito mais extensa do que as ideias de delícia ou de volúpia; essa palavra refere-se a um número maior de objetos do que as outras, e concerne ao espírito, ao coração, aos sentidos, à fortuna, enfim, a tudo o que possa nos propiciar prazer. A ideia de delícia supera a de prazer devido à força do sentimento, mas é bem menos extensa que esta quanto ao objeto; restringe-se propriamente, à sensação, e diz respeito sobretudo às sensações agradáveis. A ideia de volúpia é inteiramente sensual, e parece designar qualquer coisa de delicado, nos órgãos, que refina e intensifica o gosto.

Os verdadeiros filósofos buscam o prazer em todas as ocupações, e consideram um prazer cumprir seus deveres. Para algumas pessoas, é uma delícia tomar sorvete, mesmo no inverno; para outras, é algo indiferente, mesmo no verão. As mulheres costumam forçar a sensibilidade até a volúpia, mas essa sensação momentânea não dura muito, e nelas tudo é tão rápido quanto extasiante.

O que afirmamos até aqui só diz respeito a essas palavras na medida em que assinalam um sentimento ou disposição graciosa da alma. Elas têm ainda outro sentido, principalmente no plural, quando exprimem o objeto ou a causa desse sentimento: diz-se que uma pessoa se entrega por inteiro aos prazeres, goza as delícias do campo, mergulha em volúpias. Tomadas nesse último sentido, essas palavras têm, como no outro, suas diferenças e sutilezas particulares. Então, a palavra prazeres refere-se mais a práticas pessoais, a usos e passatempos, como a mesa, o jogo, os espetáculos, os galanteios; delícias, de preferência aos agrados fornecidos pela natureza, pela arte e pela opulência, como belas habitações, confortos diferenciados, companhias seletas. Já volúpias designa propriamente os excessos atinentes à lassidão, à promiscuidade, à libertinagem, concebidos por um gosto extravagante, temperados pela ociosidade e preparados pelo excesso, tais como, segundo se diz, aqueles a que Tibério se entregou na ilha de Capri ou a que os Sibaritas se renderam nos palácios que eles mesmos ergueram às margens do rio Crates. Ver Girard, Synonymes français.

(PPP)

Assessoria de imprensa da Fundação Editora da Unesp