'Darwin e a evolução explicada aos nossos netos' ganha nova tiragem

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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Nesta obra, Pascal Picq explica, em um diálogo animado com um estudante, as principais ideias da aventura científica de Charles Darwin


O livro Darwin e a evolução explicada aos nossos netos ganhou nova tiragem. Nele, o pesquisador Pascal Picq retoma a trajetória de Charles Darwin (1809-1882), que por pouco não se tornou um pastor protestante, para explicar a teoria da evolução, frequentemente mal interpretada e ainda hoje bastante combatida por fundamentalismos. Em linguagem didática, em forma de diálogo com um suposto estudante, o autor desvenda a concepção darwinista da seleção natural e expõe equívocos a respeito de seu entendimento, como o de que a evolução seria sinônimo da “lei do mais forte” ou que o ser humano descenderia diretamente do macaco.

O livro questiona os fundamentos do criacionismo, segundo o qual todas as espécies são produtos acabados da criação divina, com o ser humano ocupando seu topo, e aponta a impropriedade da escala natural, que continua ilustrando até manuais escolares em todo o planeta.

Picq contextualiza política e socialmente as origens, o desenvolvimento e os desdobramentos da teoria de Darwin. Ele resgata as ideias de estudiosos como Charles Bonnet  (1720-1793), Georges Buffon (1707-1788) e seu discípulo Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829), que inspiraram Darwin, além de Alfred Russel Wallace (1823-1913), que à mesma época chegou a conclusões semelhantes às do consagrado naturalista. O autor ainda discorre sobre a etapa mais recente dessa corrente de pensamento, consubstanciada na teoria evolutiva do desenvolvimento, conhecida como evo-devo. 

Ao apresentar seu percurso, a obra  enfatiza a relação dos avanços e recuos da teoria da evolução com os diversos momentos político-sociais da humanidade, demonstrando que o conservadorismo tem funcionado como freio ao evolucionismo pelo menos desde as décadas seguintes à Revolução Francesa. A publicação de A origem das espécies, de Darwin, só se daria em 1859, 50 anos depois de A filosofia zoológica, de Lamarck. Ao afirmar que o ser humano evolui, a partir de uma história natural, como as demais espécies, Darwin confronta a cultura ocidental clássica, que, desde a Antiguidade, confere aos homens papel especial, tanto na filosofia quanto nas grandes religiões monoteístas.

Picq escreve: “Vimos o quanto os avanços das ciências e, em particular, das teorias da evolução, dependem do estado da sociedade que pode favorecer ou frear seu desenvolvimento. Nos tempos de Buffon,  Lamarck ou de Darwin, e também nos tempos atuais, a teoria da evolução envolve questões de sociedade ou, no mínimo, suscita grandes debates”.

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