De acordo com Anthony Giddens e Philip W. Sutton, no livro Conceitos essenciais da Sociologia, "Educação é a transmissão de conhecimento, habilidades e regras de comportamento para que novos membros passem a fazer parte da sociedade. Hoje, de modo geral, entende-se a educação como “algo positivo”. A maioria das pessoas que passaram por um sistema educacional e dele saíram sabendo ler, escrever, fazer contas e com um nível razoável de instrução concordaria que ele possui benefícios claros" (2016, página 127).
No Brasil, comemora-se o Dia do Professor em 15 de outubro. Nessa data, em 1827, D. Pedro I criou o ensino elementar no país, que oficializava o direito de todas as cidades e vilas possuírem escolas. Em homenagem aos profissionais, a Editora Unesp oferece 20% de desconto em todos os títulos de Educação de seu catálogo. Confira aqui. A promoção é válida até 21 de outubro.
Veja a seguir mais um trecho do verbete Educação, do livro Conceitos essenciais da Sociologia:
Significado e interpretação
Para Émile Durkheim, a educação é um canal-chave da socialização,incutindo nas crianças os valores comuns da sociedade que sustentam a solidariedade social. Durkheim estava mais preocupado particularmente com as diretrizes morais e a responsabilidade mútua, que contribuem para mitigar o tipo de individualismo competitivo, o qual, para muitos,acabaria por destruir a solidariedade. No entanto, nas sociedades industriais, segundo Durkheim, a educação também possui outra função no ensinamento das habilidades necessárias para assumir funções ocupacionais cada vez mais especializadas que já não podiam mais ser aprendidas no âmbito familiar. A partir dessa abordagem basicamente funcionalista, Talcott Parsons avançou sua análise. Segundo ele, uma das principais funções da educação é difundir o valor central da conquista individual, quase sempre por meio de avaliações e exames competitivos. Isso é fundamental porque os exames se baseiam em padrões universais e meritocráticos,ao contrário dos padrões particulares da família e, na sociedade como um todo, as pessoas normalmente alcançam suas posições com base em capacidade e mérito e não com base em classe, gênero ou etnia.
Muitas pesquisas revelaram, no entanto, que a educação e o ensino escolar reproduzem as desigualdades sociais em vez de ajudar a equalizar as oportunidades de vida. Um estudo de Paul Willis (1977) no Reino Unido, baseado no trabalho de campo realizado em uma escola de Birmingham, questionava por que os filhos da classe trabalhadora acabam quase sempre ficando com empregos de classe trabalhadora. Trata-se de uma pergunta pertinente em um sistema educacional meritocrático. Willis descobriu subculturas antiescolares em que jovens rapazes não tinham interesse em provas ou em uma “carreira”, mas apenas queriam sair dali e ganhar dinheiro. Ele afirmava que isso em muito se assemelhava às culturas do operariado e, nesse sentido, o fracasso na escola, sem querer, preparava essas crianças para o trabalho na classe trabalhadora.
Aspectos controversos
A teoria funcionalista está correta em ressaltar as funções formais dos sistemas educacionais, porém será mesmo que existe um conjunto único de valores que permeiam a sociedade inteira, principalmente nas sociedades multiculturais de hoje? Os marxistas concordam que as escolas propiciam a socialização das crianças, mas o fazem para garantir que as empresas capitalistas obtenham o tipo de força de trabalho de que precisam, não porque estejam comprometidas com a igualdade de oportunidades. As estruturas da vida escolar correspondem às estruturas da vida profissional; ajustar-se conduz ao sucesso, professores e diretores ditam as tarefas, os alunos e trabalhadores as executam, escola e trabalho são organizados hierarquicamente, e ensina-se isso como algo inevitável (Bowles; Gintis, 1976).
Essa ideia de um “currículo oculto” também exerceu forte influência na Sociologia da Educação. Illich (1971) afirmou que as escolas são organizações de custódia criadas para manter os jovens ocupados e longe das ruas até atingirem a idade de trabalhar. Elas promovem uma aceitação sem senso crítico da ordem social e ensinam as crianças a conhecera sua posição de classe. Illich defendia a “desescolarização” da sociedade a favor de tornar os recursos educacionais disponíveis para todos a qualquer momento que precisassem, e estudassem aquilo que quisessem em vez de serem forçados a aprender um currículo-padrão. Os recursos poderiam ser armazenados em bibliotecas e bancos de armazenamento de informações (hoje provavelmente on-line) e então disponibilizados a qualquer estudante. Na época, essas ideias pareciam desesperadamente idealistas, mas com o novo foco de hoje no aprendiza do contínuo e no aprendizado à distância pela internet, elas não parecem mais tão improváveis.