André Vinicius Lopes Coneglian, leitor
No livro A vertente grega da gramática tradicional: uma visão do pensamento grego sobre a linguagem, da professora Maria Helena de Moura Neves, traça-se a história da disciplina gramatical às suas origens, a Antiguidade Clássica. Nele, a autora examina as bases do pensamento gramatical e mostra como a disciplina gramatical se erigiu a partir de um conjunto de reflexões sobre a linguagem, provenientes especialmente do campo da Filosofia. O ápice da obra, a meu ver, está justamente no cotejo entre procedimentos e critérios de classificação dos fatos da linguagem na Filosofia e na Gramática propriamente, pois torna explícita a relação entre as duas áreas, suas zonas de sobreposição e de contraste no que diz respeito às incursões pela linguagem.
A leitura desse livro é essencial para todos aqueles que estudam (e amam) as Letras. Ao longo da leitura, “pré-conceitos” a respeito da (injustamente mal criticada) Gramática Tradicional são desconstruídos e, ao final, o leitor chega a uma visão do que é, de fato, essa entidade.
Deixo, aqui, registrada a minha história com esse livro. “A vertente grega” (como eu o chamo) marcou o início da minha vida acadêmica, em 2008, como calouro do curso de Letras – e determinou todo o seu desenrolar. “A vertente grega” chegou às minhas mãos por meio de uma pesquisa no banco de dados da biblioteca da universidade em que estudava. Lembro-me de ficar admirado a cada página que lia – obviamente que, naquela época, eu julgava entender mais do que realmente entendia. A partir daquele momento, o livro tornou-se meu “amuleto” acadêmico, e colocou-me em contato com outras obras da professora Mara Helena, quem se tornou minha “inspiração” acadêmica. Para encurtar a história, tenho tido o privilégio de trabalhar com a professora pelos últimos cinco anos como seu orientando.
Se para o cenário intelectual “A vertente grega” é um marco acadêmico, para o meu cenário pessoal, é um marco de vida.
Atualmente, o livro encontra-se esgotado. Fica aqui meu pedido para que o livro ganhe uma nova edição – quem sabe quantos estudantes de Letras também podem encontrar nele fonte de inspiração!