Expoente do iluminismo examina como o gênero humano concilia valores morais em uma sociedade comercial
Nascido num tempo em que a Escócia ainda lidava com a pobreza e o atraso, o filósofo Adam Ferguson sempre teve como objeto central de seu pensamento a noção – anti-hobbesiana – de que o homem é um ser naturalmente social, destinado a viver em sociedade. Contemporâneo de nomes como Adam Smith e David Hume, teve prolífica produção no campo das ciências sociais e, pela primeira vez em língua portuguesa, os leitores brasileiros têm a oportunidade de defrontar-se com uma edição que reúne dois textos basilares de Ferguson: Ensaio sobre a história da sociedade civil e Instituições de filosofia moral, lançamento da Editora Unesp. A obra tornou-se um clássico da filosofia política e econômica.
“Como o próprio título sugere, o Ensaio trata da história da ‘sociedade civil’, concepção que indica o estágio avançado do progresso das nações, em termos de aperfeiçoamento do sistema político e de leis, e também de refinamento nas artes, nas ciências e nas maneiras, ainda que não se limite a elaborá-la”, anota, no prefácio, Eveline Campos Hauck que, ao lado de Pedro Paulo Pimenta, responde pela tradução. “Grosso modo, o texto pode ser dividido em três grandes momentos. O primeiro diz respeito às características da natureza humana; o segundo, à história da sociedade civil propriamente dita; enquanto o terceiro discute as causas da corrupção e do declínio das nações.”
O ponto de partida da filosofia Fergusoniana é a concepção de uma sociabilidade natural nos homens. “Relatos de todas as épocas e de todas as partes da Terra concordam em representar o gênero humano reunido em bandos ou em companhia e o indivíduo ligado por afeto a um grupo, ao mesmo tempo que em oposição a outro, dedicado ao exercício da memória e da antevisão, inclinado a comunicar os próprios sentimentos e a perscrutar os dos outros”, escreve Ferguson.
A importância do pensador pode ser mensurada pela qualidade de seus leitores: além de Hume e Smith, William Robertson, Lord Kames, Voltaire, Kant, Schiller, Hegel e Marx. Apesar disso, Adam Ferguson ainda é, em geral, desconhecido do leitor brasileiro. Traduzido em praticamente todas as línguas modernas, esse grande moralista, autor de sucesso em sua época, foi depois apontado como um fundador das ciências sociais, e vem sendo cada vez mais estudado por filósofos e historiadores interessados por uma obra original, profunda e marcada por um gênio singular.
Sobre o autor - O filósofo e historiador Adam Ferguson (1723-1816) é um dos expoentes do chamado iluminismo escocês. Sucessor de David Hume no cargo de responsável pela biblioteca da Ordem dos Advogados de Edimburgo e professor de Filosofia da Natureza na Universidade da mesma cidade, é autor de obras decisivas para o entendimento do liberalismo clássico.
Título: Ensaio sobre a história da sociedade civil e Instituições de filosofia moral
Autor: Adam Ferguson
Tradução: Pedro Paulo Pimenta e Eveline Campos Hauck
Número de páginas: 543
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 98,00
ISBN: 978-85-393-0797-5