'Figuras da história' ganha nova impressão

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terça-feira, 3 de novembro de 2020

Como a arte contribuiu para eventos que atravessaram uma era? 

Se nos filmes e nas pinturas as imagens ali mostradas são visíveis e conversam com os receptores, pode-se dizer que, de maneira similar, o mesmo ocorre com elementos deixados de fora, ocultos pelas mãos de seus criadores. Ou seja, as presenças e as ausências são determinantes na compreensão do sentido. Essa visão de mundo fica bastante clara em Figuras da história, que acaba de ser reimpresso pela Editora Unesp, que reúne dois ensaios do filósofo francês Jacques Rancière. Ambos estavam indisponíveis fora da França e, agora, o leitor brasileiro tem a chance de conferi-los.     

O caminho escolhido por Rancière bifurca-se em duas estradas: no ensaio “O inesquecível”, o autor examina o cinema memorialista (documental e de ficção histórica), como a obra de Chris Marker, Alain Resnais e Serguei Eisenstein e até dos irmãos Lumière, de Aleksandr Medvedkin e de Jean-Luc Godard. Já em “Sentidos e figuras da história”, Rancière se volta para a pintura histórica. Partindo de Jacques-Louis David, Goya e Kandinsky, por exemplo, o ensaio explora quatro sentidos que a história pode comportar e como eles se expressam nas obras de arte.

Os dois textos foram escritos por ocasião da exposição Face à l’Histoire [Em face da História], organizada em 1996 no Centro Georges Pompidou. Assim, como se numa exposição, o autor conduz os leitores por meio das telas – e dos filmes –, que têm a chance de compreender que, se representar a história pode levá-la a seu aprisionamento, por outro lado pode também libertar seus vários sentidos.              

Perguntar sobre a forma como os artistas recortam o mundo sensível para isolar ou redistribuir seus elementos é questionar a política presente no coração de qualquer abordagem artística. Para Jacques Rancière, não há imagem que não traga em si inúmeras possibilidades de reflexão sobre o contexto em foram produzidas, seja pelo que mostram, seja pelo que ocultam.  

Sobre o autor - Jacques Rancière é professor emérito da Universidade Paris VIII e suas obras se concentram no vínculo entre estética e política. Dele, a Editora Unesp já publicou Os nomes da história: ensaio de poética do saber (2014).

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