Em momento-chave para a disciplina, que ainda ganhava seu espaço ao lado das ciências humanas e naturais, o autor examina intersecções entre as três áreas do conhecimento
“Talvez a ciência social ainda não tenha encontrado o seu Newton, mas as condições nas quais um gênio poderia surgir estão sendo criadas”, provocou o filósofo Peter Winch em sua obra fundamental A ideia de uma ciência social e sua relação com a filosofia, que vem a lume em nova tradução pela Editora Unesp. No texto, publicado pela primeira vez em 1958, o autor se propõe a “atacar” a suposta necessidade de que as ciências sociais, ainda “em sua infância”, copiem os métodos das ciências naturais em lugar de se aproximar da filosofia.
“Mas não se deve assumir que o que tenho a dizer deve ser alinhado àqueles movimentos anticientíficos e reacionários, que objetivam atrasar o relógio e que têm surgido e florescido em certos setores desde que a ciência começou”, escreve. “Meu único objetivo é assegurar que o relógio mostre o tempo correto, qualquer que ele seja.”
Ao longo de cinco grandes capítulos, Winch caminha pelos fundamentos filosóficos, pela natureza do comportamento significativo, pelos estudos sociais como ciência, pelas relações entre mente e sociedade e, por fim, pela intersecção entre conceitos ações. Seu embasamento se dá, sobretudo, nas obras de pensadores como Ludwig Wittgenstein, John Stuart Mill e Max Weber. Ao fazê-lo, o filósofo aponta para a possibilidade de se praticar uma abrangente “ciência da sociedade”.
“Questões sobre o alcance da ciência são tão importantes para nós agora como eram quando A ideia de uma ciência social foi publicado pela primeira vez. Winch toma essas questões e levanta outras inteiramente novas a respeito do alcance da filosofia – sobre se a investigação da vida social deve ser abordada filosoficamente”, anota a professora de filosofia da Universidade da Virgínia, Cora Diamond. “Sua monografia inaugurou debates de interesse e importância permanentes sobre o conhecimento nos estudos sociais e a natureza do fenômeno social.”
Publicado há mais de 60 anos, o livro permanece atual. “Este é um pequeno livro corajoso e interessante... Ele é, de longe, a resposta mais entusiasmada e convincente até agora feita àquele juízo oficial de alguns anos atrás, de que a filosofia política devia ser considerada morta”, escreve o Times Literary Supplement.
Sobre o autor – Peter Winch (1926-1997), filósofo inglês, foi um dos mais influentes seguidores de Wittgenstein, tornando-se internacionalmente conhecido e respeitado, especialmente pela publicação de A ideia de uma ciência social e sua relação com a filosofia, sua principal obra, em 1958. Também é autor, entre outros trabalhos, de Ethics and Action (1972), Trying to Make Sense (1987) e Simone Weil: “The Just Balance” (1989).
Título: A ideia de uma ciência social e sua relação com a filosofia
Autor: Peter Winch
Tradução: Rachel Meneguello
Número de páginas: 183
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 54,00
ISBN: 978-65-5711-002-7