Georges Minois debruça-se sobre a história do suicídio

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segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Um dos últimos tabus dos nossos tempos, a “morte voluntária” sempre apareceu em discussões filosóficas e representou um desafio aos valores tradicionais 

Albert Camus disse que “só existe um problema filosófico realmente sério: é o suicídio”. Para ele, o “resto” vinha depois. Mas, se a questão da morte voluntária é reconhecida como relevante, o ato em si nunca deixou de ser objeto de reprovação social e religiosa. De fato, mesmo nos dias desassombrados da contemporaneidade, falar sobre suicídio é tabu, o que denota o emaranhado de elementos antropológicos, psicológicos e éticos que assolam o tema. As complexidades desse terreno são enfrentadas pelo lançamento da Editora Unesp, História do suicídio: a sociedade ocidental diante da morte voluntária, do historiador Georges Minois, em que se faz um denso apanhado sobre o “assassinato de si mesmo” ao longo da história humana.  

“É em 1600 que Shakespeare formula, em Hamlet, com uma simplicidade terrível, a pergunta fundamental: ‘Ser ou não ser? Eis a questão’. É essa pergunta que nos servirá de guia”, escreve Minois. “Por que, em uma determinada época, alguns homens escolheram não mais ser? Cada um tinha suas razões, e é importante compreendê-las, pois essa atitude revela os valores fundamentais da sociedade. Ela afeta ao mesmo tempo o indivíduo e o grupo”.

Por onze capítulos, Georges Minois conduz os leitores a um mergulho na Antiguidade, na Idade Média e no Renascimento chegando à Revolução Francesa e ao Século XX, buscando encontrar as raízes filosóficas para se entender as mortes voluntárias. Mas ele faz um alerta: “Não podemos estudar os suicídios como podemos fazê-lo em relação à destruição provocada pela peste ou pela tuberculose, pois a morte voluntária é um tipo de óbito cujo significado não é de ordem demográfica, mas filosófica, religiosa, moral, cultural”, aponta. “O silêncio e a dissimulação que a rodearam durante muito tempo instauraram um clima de mal-estar em torno dela.” 

“Homens e mulheres escolheram a morte”, escreve Minois. Apesar disso, esse caminho nunca foi tratado com indiferença. “Aclamada em raras circunstâncias como um ato de heroísmo, ela foi, na maioria das vezes, objeto de reprovação social. Isso porque o suicídio é considerado ao mesmo tempo uma ofensa a Deus, que nos deu a vida, e à sociedade, que provê o bem-estar de seus membros”, acrescenta. Apesar disso, surgem indagações e modificações na forma de pensar o suicídio. “É essa mudança crucial nas mentalidades ocidentais, à qual se deu pouquíssima atenção até o momento, que gostaríamos de examinar.”

Sobre o autor - Georges Minois é professor de História e historiador das mentalidades religiosas. Dele, a Editora Unesp publicou História do riso e do escárnio (2003), A idade de ouro (2011), História do ateísmo (2014) eHistória do futuro (2016).

Título: História do suicídio: a sociedade ocidental diante da morte voluntária
Autor: Georges Minois
Tradução: Fernando Santos  
Número de páginas: 414
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 74,00
ISBN: 978-85-393-0764-7  

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp