Desde que existe, o homem prevê, afirma historiador francês. Apesar de universal, a predição adquire diferentes formas ao longo da história da humanidade, passando por adivinhações, profecias, astrologias, utopias e futurologias.
Se é possível conhecer o futuro, por que deveríamos caminhar às cegas no presente? A pergunta, feita desde o começo da civilização, ganhou diferentes contornos nas mãos de adivinhos, profetas, astrólogos e estudiosos. Para mostrar seu uso e importância para a humanidade, ela é historiada por Georges Minois em História do futuro: dos profetas à prospectiva, lançamento da Editora Unesp.
O objetivo das previsões seria minar as incertezas sobre o porvir, mas os conceitos de predestinação e de futuro assumem novas facetas com o passar do tempo. A partir da investigação de documentos, Minois esquadrinha desde a adivinhação dos povos pré-bíblicos, as profecias dos livros de Daniel e do Apocalipse, os oráculos e as sibilas gregos, Joana D’Arc, as utopias e Nostradamus, até a ficção científica, o esoterismo e a parapsicologia do século XX, que passam a assumir antes um caráter de conforto às agruras atuais que de planejamento para as situações vindouras. “O ideal, acreditamos, seria conhecer o futuro, o que nos permitiria fazer exatamente o que convém para nosso bem”, explica o historiador. “É por isso que, desde as origens, o homem se esforça para alcançar esse conhecimento do futuro pelos meios mais variados.”
O autor busca com a obra contribuir para a história das civilizações ao analisar os desdobramentos da previsão na religião, astronomia e até política, como a manipulação, correntemente praticada por gregos e romanos, que mandavam anunciar por oráculos e presságios o fracasso ou o sucesso dos seus empreendimentos. “De fato, a predição nunca é neutra ou passiva. Corresponde sempre a uma intenção, a um desejo ou a um temor; exprime um contexto e um estado de espírito”, afirma Minois. “A predição não nos esclarece sobre o futuro, mas reflete o presente. Nesse sentido, revela a mentalidade, a cultura de uma sociedade e de uma civilização.”
Não se creia, porém, que os diferentes métodos de conhecimento do futuro tenham sido descartados como crendices com o surgimento de uma sociedade calcada na ciência e na tecnologia. Hoje ainda se fazem profecias, bem como se continua a usar amplamente a astrologia, introduzida como ciência e depois bastante desacreditada como charlatanismo. A diferença, para Minois, é que, de tanto prevermos o futuro e ter suas várias imagens repisadas, talvez não saibamos mais como imaginá-lo e já o estejamos vivendo junto com o presente.
Sobre o autor – Georges Minois é professor de História e historiador das mentalidades religiosas. Dele, a Editora Unesp publicou História do riso e do escárnio (2003), A idade de ouro (2011) e Históriado ateísmo (2014).
Título: História do futuro: dos profetas à prospectiva
Autor: Georges Minois
Tradução: Mariana Echalar
Número de páginas: 735
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 118,00
ISBN: 978-85-393-0640-4