Guilherme de Almeida, um príncipe da crítica de cinema

Imprensa
Imprensa
segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Produção do escritor paulista, escrita para os jornais, pode ser lida em livro agora*

Por Ernesto Barros

De atração popular ao maior fenômeno de massa do século 20, o cinema atraiu os olhos dos espectadores de todas as estirpes em seus primeiros anos - de gente que procurava apena diversão apssageira, como os espetáculos circenses que já frequentavam, aos intelectuais mais vetustos, que viram naquelas tremeluzentes imagens em movimento, em preto e branco e sem som, a mais completa das artes. Enquanto o Cinematógrafo dava passos largos para se tornar uma indústria, esses teóricos já estudavam a constituição daquela sucessão de imagens em sua psicologia. Para fechar o círculo, em cada lugar que a invenção dos Lumière aportava, nascia também a crônica cinematográfica, que, em pouco tempo, ganharia o status de crítica de cinema. 

No Brasil, ainda na década de 1920, concomitante à incipiente produção cinematográfica nacional, que atravessava o País de Norte a Sul, jornalistas, poetas e escritores se debruçavam para tecer loas e soltar os fogos de artifícios da paixão pela nova arte. Parte dessa produção literária permanece desconhecida, perdida sob a poeira dos arquivos, mas de vez em quando somos surpreendidos com o surgimento de textos escritos ao sabor da hora, nos primeiros anos da história do cinema. A redescoberta dos artigos do paulista Guilherme de Almeida, "o Príncipe dos Poetas", publicados no jornal O Estado de S.Paulo, traz à tona o pensamento de um homem que viveu o cinema com muita intensidade. 

Até agora, a imagem que se tinha de Guilherme de Almeida é que ele não tinha muito apreço pelo cinema brasileiro. Isto, claro, porque ninguém ainda havia pesquisado os arquivos do jornal para nos fazer conhecer a coluna Cinematográfos, publicada entre os anos de 1926 e 1942. Mas o que se depreende da leitura dos 218 textos recolhidos em  Cinematographos: Antologia da crítica cinematográfica pela Editora Unesp e pela Casa Guilherme de Almeida, é a reavaliação de uma mente brilhante, que teve uma relação plural com o cinema, só que numa época em que a produção americana chegava para dominar, com sua técnica irretocável, todos os mercados do mundo. 

Organizado por Donny Correia e Marcelo Tápia, o volume não se pretende concludente. Afinal, segundo uma pesquisa feita por Frederico Ozanam Pessoa de Barros, o poeta teria publicado 2.713 crônicas, ou críticas, na coluna de O Estado de S. Paulo, sem falar nos textos que escreveu exclusivamente para a revista Klaxon, a porta-voz do movimento modernista, onde ele também foi editor e principalmente designer, concebendo capas e anúncios publicitários [...]

*Esta resenha foi publicada, originalmente, pelo Jornal do Commercio, em 31 de julho de 2016. Clique aqui para conferir o texto original e na íntegra. 

Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp