Pesquisadores resgatam a epopeia da agricultura a partir da perspectiva camponesa
O problema das desigualdades existentes no mundo contemporâneo relacionadas à questão agrária é discutido de forma aprofundada em História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise contemporânea, editado em parceria com o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead) e que acaba de ganhar nova impressão. Marcel Mazoyer e Laurence Roudart, pesquisadores com 40 anos de experiência na área, traçam a epopeia que parte das primeiras domesticações e segue à diversidade contemporânea pela perspectiva dos camponeses produtores e vendedores dos produtos agrícolas.
Para isso, analisam as interações entre o agricultor e sua família, os recursos naturais físicos e biológicos necessários no momento da produção e as técnicas utilizadas para a sua transformação, tendo como base diferentes categorias de estudo como agronomia, economia e ecologia, que são articulados a elementos de história, arqueologia, geografia, paleontologia, sociologia e tecnologia.
Além de todo o histórico rural, História das agriculturas no mundo também contribui para discussão de temas presentes no mundo contemporâneo, como, por exemplo, os riscos da globalização e da liberalização acentuarem ainda mais as desigualdades entre os países, aumentarem o desemprego e a pobreza. Mostra ainda como uma agricultura que não esteja preparada com equipamentos e proteção acaba sofrendo com a falta de meios para se fortalecer e tem queda no preço de seus produtos.
Mazoyer e Roudart buscam mostrar o desenvolvimento da economia camponesa relacionando-o a outras medidas para tirar as populações do estado de pobreza. A criação de um sistema de organização mundial que agrupe países com níveis tecnológicos e de produtividade semelhantes deve-se unir a condições de acesso à terra e aos meios para produzir, para que cada país tenha um desenvolvimento agrícola equilibrado e fortemente orientado.