Judith Butler e Frédéric Worms confrontam a filosofia com a urgência do invivível

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segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Filósofos analisam as condições que tornam a vida insuportável e defendem
um "vitalismo crítico" como resposta ética e política  

O que define uma vida digna em meio a um mundo que impõe sofrimento e exclusão? Em O vivível e o invivível, lançado pela Editora Unesp com tradução de Beatriz Zampieri e Carla Rodrigues, Judith Butler e Frédéric Worms mergulham nessa questão para explorar o limite extremo da vulnerabilidade humana: o momento em que a existência se torna um fardo intolerável.

"’Isto não é uma vida.’ Em março de 2018, quase dois mil imigrantes viviam em acampamentos precários no norte de Paris, amontoados sob pontes e viadutos, sem acesso a água ou alimentos. Mesmo assim, resistiam. ’Isto não é uma vida’, diziam, enquanto a vida, invivível, seguia sendo vivida", destacam os autores no prefácio. Butler reforça: "Essa vida persiste, reivindica seu caráter vivente — e exige respostas imediatas." Worms, por sua vez, defende uma "hospitalidade vital", que vá além da mera sobrevivência e garanta "um direito mínimo entre os humanos, em todas as esferas da existência."

A obra surge de um diálogo realizado em Paris em 2018, quando milhares de migrantes viviam em condições desumanas a poucos metros do local do debate. Essa proximidade com a realidade crua imprime urgência ao texto, que desvenda como estruturas políticas e econômicas fabricam o "invivível". Butler e Worms unem filosofia e ação prática, propondo um "vitalismo crítico" — uma ética que reconhece a dor, mas a transforma em força coletiva de cuidado e reconstrução.

A fronteira entre o vivível e o invivível se torna, assim, um eixo ético central. Os autores examinam desde encarceramento em massa até crises ambientais, mostrando como a própria sobrevivência pode ser um ato de resistência. Ao mesmo tempo, oferecem ferramentas para repensar responsabilidade e solidariedade em um mundo que nega, cotidianamente, o direito a uma vida plena.  

Sobre os autores

A filósofa estadunidense Judith Butler é Maxine Elliot Professor do Departamento de Literatura Comparada e do Programa de Teoria Crítica da Universidade da Califórnia, Berkeley, e detém a Hannah Arendt Chair na European Graduate School. Expoente nos debates sobre identidade de gênero e direitos humanos, é autora, entre muitos outros trabalhos, de Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade (1990) e Corpos que importam: os limites discursivos do “sexo” (1996). Da autora, a Editora Unesp publicou Discurso de ódio: uma política do performativo (2021), Desfazendo gênero (2022) e Despossessão (2024). Frédéric Worms é filósofo e professor da École Normale Supérieure (ENS). Especialista na obra de Henri Bergson, sua pesquisa se dedica também às relações vitais e morais entre os seres humanos, bem como a suas rupturas e violações, em uma perspectiva que articula metafísica, ética e política.  

Título: O vivível e o invivível: uma conversa iniciada por Arto Charpentier e Laure Barillas
Autores: Judith Butler, Frédéric Worms
Tradução: Beatriz Zampieri, Carla Rodrigues    
Número de páginas: 102
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 46
ISBN: 978-65-5711-309-7

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