Em meio a memórias pessoais, cartunistas recontam episódios que marcaram a vida nacional
A série Encontro com os escritores, promovida pela Universidade do Livro, reuniu na noite de quinta-feira, 30 de março, dois cartunistas da mesma geração atuantes na imprensa: Laerte e Luiz Gê. Os artistas marcaram a cultura nacional com seus traços, humor e pela leitura da sociedade brasileira. Pela lente da artes visuais, fizeram uma “guerrilha gráfica”, como define Luiz Gê, referindo-se a toda a uma geração de cartunistas que, como eles, Glauco, Angeli, os irmãos Caruso e tantos outros lembrados no encontro, mudaram o modo de ver os fatos cotidianos.
Como lembrou o mediador do encontro Gual (João Gualberto Costa, criador e organizador do Prêmio HQMIX), Laerte e Luiz Gê estudaram na mesma escola, mas não se conheceram daquela época. Foi só na USP, nos anos 70, quando Gê fazia o curso de Arquitetura e Laerte, o de Jornalismo. “Foi num bate-papo que surgiu a ideia de fazer a revista Balão, que se configurou como uma publicação pioneira e de vanguarda em termos de linguagem.” Até então, as HQs eram apenas para o público infantil, de terror ou de faroeste. A publicação foi a primeira dirigida a adultos, com temas variados, desde futebol, sexo até contracultura e golpes militares na América Latina.
Ambos discorreram sobre suas experiências pessoais como ilustradores até se tornarem quadrinistas e cartunistas na imprensa alternativa e na tradicional. O público divertiu-se com histórias pessoais, muitas lembranças engraçadas, outras mais intimistas, que retrataram um pedaço da história do Brasil. Falaram sobre suas infâncias, suas leituras e seus quadrinhos prediletos: Tin-tin e Monteiro Lobato são unanimidades. Outra curiosidade que ambos compartilham: a Enciclopédia Trópicos. Luiz Gê destaca ainda Little Nemo, de Winsor McCay. Já Laerte elenca Charlie Hebdo, Príncipe Valente (de Hal Foster), Quino, Pasquim e muitos outros.
O encontro encerrou com autógrafos entre fãs. Confira as fotos aqui.