A segunda edição de Contra o método, de Paul Feyerabend que estava esgotada, acaba de ganhar nova tiragem. A obra é um dos pontos altos da filosofia da ciência e, juntamente com os trabalhos de Thomas Kuhn e Karl Popper, um dos marcos que orientam os debates sobre o fazer científico nas últimas décadas.
Neste livro consagrado, Feyerabend se coloca contra a imposição de regras rígidas aos cientistas, já que “os eventos, os procedimentos e os resultados que constituem a ciência não têm uma estrutura comum”. O “anarquismo epistemológico” proposto em Contra o método ataca a ideia da existência de regras metodológicas que possam ser aplicadas a todos os experimentos científicos, já que “procedimentos que deram resultado no passado podem causar danos quando impostos no futuro”. Ou seja, a pesquisa bem-sucedida não obedece a padrões gerais a serem aplicados de forma estática e inflexível.
Feyerabend também desmonta a ideia de ciência como avanço do conhecimento e trabalha com a questão “ciência” versus democracia. Afirmando que sua principal razão para escrever Contra o método “foi humanitária, não intelectual”, defende que o “progresso do conhecimento e da civilização” muitas vezes significa apenas “forçar costumes e valores ocidentais em todos os cantos do mundo”. Para ele, a ciência pode ser “uma das invenções mais maravilhosas da mente humana”, mas há que se combater as “ideologias que usam o nome da ciência para o assassínio cultural”.