Mary Douglas navega pelos símbolos centrais de diferentes sociedades

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Seria possível buscar um substrato comum às diferentes culturas onde há regularidades no sistema? 

“O título deste livro parece conter uma contradição”, propõe a antropóloga inglesa Mary Douglas em seu monumental Símbolos naturais: explorações em cosmologia, lançamento da Editora Unesp. Afinal, “a natureza precisa ser expressa em símbolos; a natureza é conhecida por meio de símbolos, que são, eles próprios, uma construção sobre a experiência, um produto da mente, um artifício ou produto convencional, portanto, o oposto do natural. Também não faz sentido falar em símbolos naturais, a não ser que a mente tenda, de algum modo natural, a usar os mesmos símbolos para as mesmas situações. Essa questão foi explorada com profundidade ao longo do tempo e a existência de símbolos naturais é rejeitada. Um símbolo só possui sentido em sua relação com outros símbolos dentro de um padrão. O padrão dá o sentido. Portanto, nenhum item do padrão pode ter sentido em si mesmo, isolado do restante.”

A partir desta ideia, então, pode-se dizer que cada “símbolo natural” carrega, pois, um significado social, e cada cultura estabelece suas leituras desta significação. Entretanto, seria possível buscar um substrato comum às diferentes sociedades? Ali onde se encontram regularidades no sistema, pode-se esperar encontrar os mesmos “sistemas naturais” de símbolos, sistemas recorrentes e identificáveis nas diferentes culturas? Mary Douglas reflete a respeito de que questões como essas, envolvendo desde o significado social do corpo até a cosmologia religiosa.

Para Mary Douglas, alguns ritualistas planejam alcançar a espontaneidade, enquanto outros almejam coordenação. Os rituais não acontecem isoladamente: “se quisermos explicar por que alguns deles são extáticos e outros não, precisamos falar sobre comparações entre organizações e seus objetivos”. É isso o que sua análise se propõe a fazer. Segundo a antropóloga, “a ideia do Sagrado perigoso e poderoso de fato é criada ao vivermos juntos e ao tentarmos nos coagir mutuamente a correspondermos a uma ideia moral. Mas o Sagrado também pode estar gravado nos corações e nas mentes dos adoradores de mais de uma maneira: há diversos tipos de religião”.

De acordo com Fiona Bowie, antropóloga da University of Bristol, as ideias de Mary Douglas continuam vívidas e atuais, e ganharam espaço em disciplinas além da antropologia: “deveriam continuar a ser leitura obrigatória para todos os estudantes de religião e sociedade”, assegura. 

Sobre a autora – A britânica Mary Douglas (1921-2007) foi uma das mais célebres antropólogas da contemporaneidade. Autora de diversos livros, a exemplo de Pureza e perigo e deste Símbolos naturais, inscreveu seu nome entre os expoentes da antropologia social. A influência de seus estudos, no entanto, não esteve circunscrita à antropologia, tendo gerado debates em diversos campos do conhecimento. 

Título: Símbolos naturais: explorações em cosmologia
Autora: Mary Douglas
Tradução: Priscila Santos da Costa
Número de páginas: 333
Formato: 13,7 x 21 cm
Preço: R$ 89,00
ISBN: 978-65-5711-081-2 

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