Intelectual britânico demonstra como nossos corpos e atividades corporais são responsáveis por tornar o pensamento e a consciência possíveis
O materialismo é uma linhagem filosófica que se desenvolve desde a Antiguidade. Apesar disso, há, ainda, muito espaço para se proporem perspectivas inovadoras e desafiadoras sobre a materialidade. E é o que faz Terry Eagleton em Materialismo, que acaba de ganhar nova tiragem. Nesta obra, o professor de Literatura Inglesa da Universidade de Oxford questiona conceitos estabelecidos em torno dessas ideias e convida os leitores a repensarem suas concepções acerca do tema.
“Este é, entre outras coisas, um livro sobre o corpo, mas não (ao menos quanto à minha auspiciosa expectativa) o tipo de corpo que atualmente está em voga nos estudos culturais e que, como um objeto de discussão, se tornou limitado, exclusivista e repetitivo às raias da monotonia”, escreve Eagleton no prefácio. “O estudo apresenta, portanto, um subtexto polêmico, na medida em que se busca examinar as modalidades da criaturalidade humana que a ortodoxia pós-moderna deixou praticamente de lado e que são, ademais, próprias a todos os corpos humanos, independentemente de, digamos, gênero e etnia. Acredito que esse universalismo despudorado vai se mostrar escandaloso o bastante para os comissários do discurso cultural contemporâneo.”
Explorando a linhagem filosófica do pensamento materialista desde a Antiguidade até os dias atuais, o autor examina a influência das forças sociais e históricas na compreensão da materialidade. Ao mergulhar em um vasto panorama intelectual, que abrange pensadores como Demócrito, Epicuro, Espinosa, Schelling, Darwin, Bergson, Bloch e Deleuze, Eagleton destaca a relevância da relação entre o objeto físico e o contexto cultural e político ao longo da história. Além disso, também se dedica a analisar os valores e crenças de três materialistas proeminentes − Marx, Nietzsche e Wittgenstein. Por meio de comparações impressionantes, Eagleton discorre sobre uma ampla gama de tópicos, desde ideologia e história até linguagem, ética e estética. “Os estudos culturais produziram alguns insights valiosos a respeito do corpo, mas parecem ignorar a própria história política do campo, bastante deprimente nesse aspecto”, afirma. “Uma das principais fontes do tema é a obra de Michel Foucault, cujos escritos também representam uma crise da esquerda revolucionária após o final dos anos 1960.”
Com uma linguagem envolvente e acessível, Eagleton desafia as concepções tradicionais sobre o materialismo, oferecendo uma visão crítica e original. O livro convida o leitor a refletir sobre o papel da materialidade em uma sociedade dominada pelo consumismo e pela alienação, destacando como nossos corpos e atividades corporais desempenham um papel fundamental na construção do pensamento e da consciência.
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