A filosofia de Arthur Schopenhauer inicia como oposição e crítica à filosofia de Hegel
Um dos clássicos do filósofo Arthur Schopenhauer, Metafísica do belo, publicado pela Editora Unesp em 2003, acaba de ganhar nova tiragem.
Esta tradução, realizada por Jair Barboza, compreende o conjunto de preleções lidas pelo filósofo em 1820, na Universidade de Berlim. Por meio de tais textos, o leitor tem um acesso dos mais diretos e didáticos ao pensamento do filósofo alemão, que primava, seguindo a tradição britânica ̶ e contra a corrente estilística germânica de sua época ̶ , pela clareza expositiva.
Já no início da obra, o autor explicita o objeto de seu estudo: “a estética ensina o caminho pelo qual o efeito do belo é atingido, dá regras às artes, segundo as quais elas devem criar o belo. A metafísica do belo, entretanto, investiga a essência íntima da beleza, tanto no que diz respeito ao sujeito que possui a sensação do belo quanto ao objeto que a ocasiona. Em consequência investigaremos aqui o que é o belo em si, vale dizer, o que ocorre em nós quando o belo nos emociona e alegra. Ademais, como produzir o belo é efeito que as artes intentam, investigaremos qual é a meta comum de todas as artes, seu objetivo universal, e, por fim, também como cada arte isolada, por um caminho que lhe é próprio, chega a esse fim.”
A metafísica do belo schopenhaueriana, como o próprio nome indica, é antes do belo, não da arte. O que o diferencia de uma certa tradição estética, encarnada sobretudo em Hegel, para quem, no começo do seu estudo Lições de estética, a expressão para ciência do belo soa “filosofia da bela arte”. Pelo que o belo natural é rebaixado.
O leitor poderá observar que, durante o texto, há várias repetições. O que pode ser explicado, em primeiro lugar, por se tratar de aulas e, em segundo, pelo fato de que, por essa repetição, o estilo aproxima-se da música. O filósofo vê nela a mais elevada de todas as artes.
Sobre o autor - Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi um dos grandes pensadores do século XIX. Com um estilo agradável e objetivo, desenvolveu sua filosofia influenciado por Platão, Kant, pelo budismo e hinduísmo. O pessimismo está indissoluvelmente ligado à sua doutrina. Em sua obra principal, O mundo como vontade e como representação (1818), publicado pela Editora Unesp em dois tomos (Tomo I e Tomo II), o filósofo alemão tomou como ponto de partida a metafísica idealista de Kant. Para Schopenhauer, a vontade é o princípio último de tudo e um impulso jamais inteiramente satisfeito. Neste mundo de dor e sofrimento, a arte e a contemplação estética fornecem um antídoto parcial.