O deputado federal Aldo Rebelo é conhecido por ser um torcedor apaixonado pelo Palmeiras. E foi visitando a sala de troféus de seu time que certa vez se deparou com uma taça com a instigante inscrição “Homenagem do Movimento Unificador dos Trabalhadores”. Começou aí uma pesquisa sobre a partida realizada entre Palmeiras e Corinthians, há mais de setenta anos, que visava arrecadar fundos para o Partido Comunista do Brasil. O resultado do memorável encontro é agora relatado em Palmeiras x Corinthians 1945: o jogo vermelho, que retrata o conturbado cenário político de 1945 e seus reflexos no esporte que, além de paixão nacional, sempre esteve diretamente ligado à identidade do povo brasileiro.
Esta crônica de Rebelo, que também é jornalista, reconstrói o histórico embate entre os rivais Palmeiras e Corinthians para além das jogadas plásticas de Junqueira, Waldemar Fiúme, Canhotinho, Milani, Domingos e Ruy. O enfoque principal está nos lances estratégicos que aconteciam nos bastidores políticos do amistoso, desenhando os caminhos dos fatos ocorridos em 1945, ano rico em acontecimentos no mundo e no Brasil.
Mas Palmeiras X Corinthians não é feito só de política. Afinal, é impossível falar de futebol sem evocar emoções e, no caso dessa peleja antológica, nostalgia. O autor dedica capítulos inteiros para descrever como se deu a preparação técnica dos times para o jogo, a cobertura pela imprensa e, por fim, um panorama do clássico, que teve vitória de 3 a 1 para a equipe alviverde.
Para inserir o leitor no contexto da época e legitimar os fatos narrados, o livro conta com uma grande quantidade de anexos, tais como súmulas, recortes de jornais do período e fotografias dos principais personagens que fizeram parte dessa história – presidentes de clubes, políticos, jogadores e líderes sindicais. A narrativa minuciosa, em linguagem coloquial que remete a um romance de ficção, é intercalada com entrevistas e depoimentos de pessoas ligadas direta ou indiretamente ao jogo em uma pluralidade de visões acerca de um episódio, de outra forma, fadado ao esquecimento.